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Opinião

Bem colectivo

Editorial

O desafio é resolver um problema de cada vez. Mas resolver com prazos e custos razoáveis. E envolver os cidadãos nas decisões e nas acções.

A activação do novo aeroporto é uma boa notícia para o País, pois vai finalizar um processo que começou e andou torto, mas que na verdade se endireitou com o tempo. Falta um pouco, para a dimensão da obra muito pouco, mas que é extremamente importante para o sucesso deste empreendimento. E deve ser tratado desta forma, com todo o "amor e carinho", com a colaboração de todos os sectores e de todos os cidadãos. Da mesma forma que não deve ser apressada apenas por motivos políticos ou económicos, esta activação também não pode ser adiada por problemas e indecisões sem qualquer justificação, e que muitas vezes acontecem apenas por "dor de cotovelo" ou "ausência de protagonismo". Este é o projecto mais importante da última década em Angola, pelo que é necessário apelar ao patriotismo de todos, pois muitas vezes esquecemo-nos que o mais importante é o País.

Aliás, existe sempre nos projectos desta dimensão um enorme orgulho colectivo que pode ser uma mola impulsionadora para outros projectos e mudanças que é necessário fazer. Grande parte das coisas que não nos correm bem são culpa nossa. Ou porque fingimos que não vemos quando acontece aos outros, ou porque não somos suficientemente críticos com as nossas prestações, ou mesmo porque não ouvimos quando nos querem explicar porque é que determinadas posturas ou palavras proferidas não fazem sentido nenhum e prejudicam o bem comum. Tenho para mim que o maior problema do País é que somos cada vez mais uma soma de pequenos mundos, em vez de sermos uma parte de um mundo maior. Muitos defendem mesmo que deve ser assim, cada um é que sabe da sua vida, dos seus actos e dos seus objectivos. A inclusão, o respeito e a solidariedade não podem ser apenas "chavões".

Não vamos ser todos ricos, não vamos ser todos chefes, não vamos todos ter Lexus, não vamos ser todos bonitos, não vamos ser todos inteligentes, não vamos ser todos populares, mas podemos contribuir para que as desigualdades sejam menores, podemos lutar para deixar um País melhor para os nossos netos. E isso é feito a partir da nossa casa, da nossa rua, do nosso bairro. Não é possível acreditar que a mudança vai ser colectiva. Mas também não é possível acreditar que uma mudança nossa não tem qualquer impacto no colectivo. Claro que tem!

O mesmo se passa com os projectos. Aqueles, enormes, os maiores de África, que se sustentam apenas em intenções, com prazos sistematicamente adiados, cheios de números nas apresentações mas sem explicações sobre os envolvidos e os últimos beneficiários, sem possibilidade de escrutínio, acabam sempre por não ter impacto significativo no colectivo, embora não se discuta a importância do impacto em meia dúzia de pessoas. Já outros, mais modestos, feitos por mais gente mas com menos meios, abertos e de fácil acesso enquanto estão a ser implantados, normalmente acabam por ser mais importantes para o bem colectivo.

O desafio é resolver um problema de cada vez. Mas resolver com prazos e custos razoáveis. E envolver os cidadãos nas decisões e nas acções. Acho eu...