Saltar para conteúdo da página

Logo Jornal EXPANSÃO

EXPANSÃO - Página Inicial

Opinião

Desafio económico

Editorial

O desafio do País é económico. Tem que gerar mais riqueza, ter mais empresas e mais rentáveis, captar investimentos e melhorar os salários.

O PIB do País cresceu 0,9%, que na verdade significa mais um revés no bem estar da população, tendo em conta que a taxa de crescimento demográfico se situa nos 3,1% e o PIB per capita voltou a cair, situando-se nos 2.566 USD. Se a isto juntarmos o relatório do Indíce de Desenvolvimento Humano do PNUD, que refere ao nosso como um dos 10 países do mundo com maior desigualdade, podemos concluir que a maioria da nossa população viu o nível de vida baixar durante o ano passado. Por isso, tal como referimos diversas vezes, o desafio do País é económico. Tem de gerar mais riqueza, ter mais empresas e mais rentáveis, captar investimentos e melhorar os salários.

Muitos desafios têm a ver com a melhoria do ambiente de negócios no País, o que verdadeiramente está demorar demasiado tempo para dar um salto em frente. Mudanças constantes de legislação, burocracia que não acaba, insegurança face aos compromissos assumidos pelo Estado, instabilidade cambial, agressividade fiscal, falta de transparência na abordagem das dificuldades que existem, falta de qualidade do capital humano, são apenas algumas das causas.

E o que se torna mais preocupante, que afasta investidores nacionais e internacionais com boas práticas de gestão, é o discurso oficial que está tudo bem, que não há problemas nenhum, pelo contrário, estamos em franco crescimento, somos os melhores de África. Um discurso que é feito em estilo monocórdico, na comodidade de uma imprensa pública que não questiona, e que por isso mesmo, não tem qualquer impacto nos investidores.

Por exemplo, o novo ministro de Estado para a Coordenação Económica, ainda não deu qualquer grande entrevista num meio, nacional ou internacional, considerado credível para quem pode investir em Angola, para explicar concretamente qual é o rumo da política económica do País. Nem escreveu um texto a explicar concretamente quais são as apostas do Executivo e quais os compromissos que assume perante os empresários. Esta falta de comunicação, por exemplo, é uma das preocupações referidas por vários embaixadores dos países que têm relações mais sólidas com Angola, que nos confidenciaram que não entendem bem a política económica neste último ano. É necessário falar para gerar confiança.

Também não se pode confundir "investidores" que vêm ao abrigo de uma linha de financiamento negociada pelo seu país de origem, muitas vezes com uma garantia soberana do Estado, com os empresários que vêm com as suas poupanças e valências próprias montar um negócio. Os primeiros fazem aumentar a nossa dívida, os segundos contribuem para aumentar a riqueza. E é para estes segundos que os nossos governantes devem comunicar. Perceber o que precisam e quais são as suas preocupações. É mais difícil, eu sei, mas não podemos continuar a misturar estes dois tipos de investidores. Para o bem de todos!