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Grande Entrevista

"Não devemos crucificar José Eduardo dos Santos como o único que falhou"

Grande Entrevista a 'Dino Matrosse', Secretário para as Relações Exteriores do MPLA

Em vésperas do "Congresso da Mudança", "Dino Matrosse", membro do "núcleo duro" do "Kremlin" admite reformas no Bureau Político e fala ainda sobre os prós e contras do longo "reinado" de Eduardo dos Santos. Considera que o ex-presidente não governou sozinho e que, em caso de falhas, as culpas devem ser repartidas.

João Lourenço está prestes a completar um ano do mandato. Que balanço faz sobre a sua governação?
Acho um balanço positivo, tendo em conta, também, a situação que nós vivemos. O País desde há já alguns anos, 2014, que vive uma crise desencadeada a partir do exterior, nos chamados países do primeiro mundo. E como as nossas economias estão interligadas, uma crise desencadeada nos Estados Unidos, França ou em Inglaterra, se for contínua, então terá sempre implicações negativas nos países subdesenvolvidos, como é o nosso. A nossa economia ainda é débil, já tivemos alguma ascensão, aliás, éramos um dos países que mais crescia, mas está-se a fazer um esforço muito grande para inverter a situação.

Vem aí o Fundo Monetário Internacional (FMI) com exigências que podem comprometer o programa eleitoral do MPLA...
Não. Acho que o Executivo, para enveredar por este caminho, fez uma análise, estudos, e chegou à conclusão de que os riscos existem, mas há que enfrentar os riscos porque nós precisamos de dinheiro para retomar o desenvolvimento que estávamos a ter anos atrás. Parece-me que os empréstimos que o FMI há-de fazer para o nosso País terão os seus riscos, mas os juros serão muito mais brandos.

Mas sendo o FMI conhecido pelas suas propostas rígidas de cortes orçamentais como é que o MPLA poderá criar os 500 mil postos de trabalho que constam no seu programa de Governo?
as essas coisas têm de ser tomadas. É assim em toda a parte do mundo, o aparelho do Estado não pode engordar muito. Se o Estado estiver a gastar o pouco que tem só a pagar salários, não terá dinheiro para investir nas infra-estruturas. Este dinheiro [solicitado ao FMI] tem por objectivo o fortalecimento da economia, mas é preciso fazer com que os privados façam um esforço no sentido de reabilitar as empresas para gerar empregos, porque não será só o Estado que deverá fazer com que haja emprego.

O País está a negociar um novo financiamento da China. Ao longo dos anos manteve no secretismo, por exemplo, as taxas de juro que paga por estas linhas de crédito. Acha que na actual conjectura política há ou não necessidade de o Governo se pautar pela transparência?
A transparência tem que ser a todo momento, quer dizer, a transparência é todos os dias, não só a nível do Governo, mas também no sector privado. Este deve ser o nosso caminho.


(Leia a entrevista integral na edição 489 do Expansão, de sexta-feira 7 de Setembro de 2018, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)