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Grande Entrevista

Poderemos explorar outros minerais como ouro, cobalto, terras raras e coltan"

BENEDITO PAULO MANUEL, DIRECTOR-GERAL DA SOCIEDADE MINEIRA DE CATOCA

A entrevista ao Expansão foi um momento para conhecer o presente e o futuro da maior empresa de exploração de diamantes de Angola. As oscilações nos preços dos diamantes, as novas descobertas e a geografia mundial da produção de diamantes foram outros assuntos abordados.

É quadro da empresa há vários anos e está na direcção da Sociedade Mineira de Catoca (SMC) há seis anos. Começo por lhe perguntar, que Catoca temos hoje?

Posso dizer-lhe que hoje temos uma Catoca que, felizmente, soube consolidar os fundamentos, os alicerces que foram colocados pelos seus percursores. Uma empresa que também não se desviou da estratégia de desenvolvimento que foi desenhada no início, digamos assim, deste século. Estratégia essa que pressupôs, efectivamente, levar a empresa a tornar-se num player considerável do ponto de vista da sua posição, ao nível do País, como também no mercado internacional. Então, posso, resumidamente, dizer que temos uma Catoca sólida, competitiva e com grande potencial para a expansão, de maneira a poder, digamos, gerar novas "catocas".

Novas "catocas", o que quer dizer em concreto?

A Sociedade Mineira do Luele é filha da Catoca, primeiro, em termos de descoberta. Portanto, é resultado da prospecção geológica da SMC. E, depois, a própria concepção, o arranjo da mina e, digamos assim, toda a condução do processo que desembocou naquilo que é hoje a Mina do Luele é uma obra da Endiama, com quadros fornecidos pela Catoca. Desde logo, a Catoca tem aqui um papel muito importante em ser uma espécie de braço técnico especial da Endiama para o desenvolvimento do subsector dos diamantes. É claro que não subestimando a Endiama Mining, que é a mais especializada no segmento dos jazigos secundários, sendo Catoca a líder nos jazigos primários.

Está a querer dizer que o Luele deve ser considerado a continuação da SMC, em termos de exploração diamantífera?

Penso que devemos ver, não como continuidade, mas de outra maneira. O Luele, como uma sociedade mineira independente, vem naturalmente agregar mais valor ao subsector diamantífero e eu acredito que a sua existência vai também, por outro lado, impulsionar que a Catoca seja mais competitiva.

Tendo em conta o potencial do Luele?

O potencial do Luele é grande e, temos mesmo de dizer, é maior do que o de Catoca. As reservas são, de longe, maiores do que as de Catoca e toda a perspectiva até agora desenhada nos indica que a Sociedade Mineira do Luele pode tornar-se a maior empresa diamantífera do mundo.

Quer dizer que a geografia da produção de diamantes do mundo poderá mudar e Angola pode ser líder?

É quase certo que Angola há-de tornar-se efectivamente no ponto decisório do mercado diamantífero mundial. Portanto, partindo do pressuposto de que este País vai tornar-se no maior produtor mundial de diamantes, pelo menos, pelos dados que nós temos.

Estamos a falar num horizonte de quantos anos?

Em 11 anos, considerando a possibilidade de a Federação da Rússia, nestes 11 anos, ter um ritmo de produção como tem tido até agora. Se não houver, da parte da Rússia nenhuma retracção, houver os mesmos ritmos de produção ou até um aumento da velocidade de produção, naturalmente, num horizonte de 11 anos, nós poderemos superar, porque teremos as maiores reservas e condições também de uma maior exploração. Desde logo, poderemos superar tanto a Rússia, quanto o Botsuana na produção de diamantes.

É a grande ambição, Angola liderar a produção de diamantes?

A questão não está em termos de superar a Rússia ou o Botsuana, mas está, efectivamente, em aumentarmos a nossa capacidade de exploração até ao máximo possível e também a qualidade das nossas operações, de maneira a que possamos ter um aproveitamento económico maior e melhor.

O que se espera produzir nos próximos 12 meses com a entrada em funcionamento da Sociedade Mineira do Luele?

Quero centrar-me ao nível de Catoca, para dizer que, em termos de reservas, as que temos actualmente na Catoca, são reservas que, com o ritmo programado de exploração, podem nos levar até cerca de 10 a 12 anos. Portanto, atingiremos a exploração até aos 600 metros de profundidade, onde temos as reservas aprovadas. E, depois dos 600 metros de profundidade, temos diamantes, mas decorrem agora estudos que nos vão permitir ter dados para estudarmos a viabilidade de construção de uma mina subterrânea.

Temos capacidade para a construção de uma mina subterrânea?

Existe, digo, do ponto de vista do potencial intelectual. Mas é preciso também dizer que, para construirmos uma mina subterrânea, vamos atrair serviços além-fronteiras. Capacidade de empresas especializadas, para construirmos a primeira mina subterrânea. Se as coisas acontecerem assim, a primeira mina subterrânea de diamantes em Angola vai nascer dentro de 12 anos.

Esta vai ser a continuação da vida da mina de Catoca?

Repare que as próprias condições geológico-mineiras da nossa mina, por questões de segurança e também de eficiência operacional, não aconselham que nós continuemos a fazer a exploração a céu aberto abaixo dos 600 metros de profundidade. Desde logo, o caminho aí seria mesmo, uma vez viabilizada, a construção de uma mina subterrânea e fazermos a exploração de diamantes.

Leia o artigo integral na edição 769 do Expansão, de sexta-feira, dia 29 de Março de 2024, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)