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"Estou a fazer o meu currículo para um dia ser milionário"

HOCHI FU

A ficção é contada em duas palavras, "2 Mundos", durante duas horas, sob a direcção de Hochi Fu, que nos vais levar aos "bastidores" da trama do seu mais novo projecto cinematográfico e do seu percurso profissional.

Domador de cães de raça, produtor musical, vídeo maker, agora cineasta. Como se define?

Sou apenas um criativo, um ser que não consegue identificar-se com uma só coisa, envolvido em tudo o que tem de ver com a arte. À semelhança de Deus, crio novas coisas.

Não é muita arrogância comparar-se a Deus?

Não! A Bíblia diz que somos à imagem e semelhança de Deus (Génesis 1.26); todos somos pequenos deuses.

Já vai na sua segunda obra cinematográfica, o que se pode esperar?

A comédia Sexta-Feira Mwangolê foi o meu primeiro passo, estava a aprender o que faço agora. Sendo algo contínuo, evolui e o meu público poderá ver um drama/romance tecnicamente melhor concebido e num retrato mais próximo à realidade angolana, sem fantasiar, nem americanizar. Baseado em três vertentes: amor, social e espiritual. Trata-se de uma relação entre a filha de uma pastora e um empresário bem-sucedido com um jovem, neto de uma zungueira, órfão de pais, kudurista, que se sacrifica com trabalhos múltiplos para sustentar a família, mas apaixona-se pela pessoa "errada", perdendo depois a sua avó. Daí em diante, começa a trama e o melhor é assistir ao desenrolar da história.

Com esse enredo, estaremos diante de um Romeu e Julieta, de Shakespeare, ou de um Titanic, de Spielberg?

Mais Romeu e Julieta, com toda a angolanidade, não sendo uma cópia de Shakespeare! E mais, depois de se assistir a "2 Mundos", o País vai olhar de forma diferente para os filmes de produção nacional.

Que novidade traz em relação aos outros filmes?

Uma trilha sonora original, composta exclusivamente para esta obra de ficção pelo Big Boss, letras minhas, Chris Oliver, Any, Balta P, com participação do Kueno Aionda... Filmado em 4K, mas editada em HD para facilitar a sua apresentação nas nossas salas e poupar espaços nas drives.

Com que elenco contou?

Por hábito, daí ter dito ser criativo, sou um caça talentos e descobri nomes como Mário Suende, do Unitel-Estrelas ao Palco 2018, a modelo Nataniela Simões. Dos mais renomados, trabalhei com o Carlos Alves e Domingas Mendes e ainda a moçambicana Laika. Na direcção dos actores, trabalhei com a Elaine Caiombo, actriz de profissão e formada em artes cénicas, a dirigir cerca de 200 actores, incluindo os figurantes.

Em quanto ficou orçado o projecto?

O projecto em si, durante os 4 meses e com fundos próprios, ficou orçado em cerca de 23 milhões Kz.

E o retorno?

A arte tem disso, o retorno não é imediato. Estou a fazer o meu currículo para um dia ser milionário. É um investimento para arte, cultura e ser reconhecido mais tarde pelos meus trabalhos.

Quais foram as maiores dificuldades?

A nossa maior dificuldade foi e está a ser a Covid-19, pois de outra forma estaria a ser muito mais rentável. A nossa estreia estava prevista para Abril, em oito cinemas, desde Moçambique, Cabo Verde, e Portugal, onde teríamos um Especial "2 Mundos", agendas com a Holanda, Alemanha o que nos permitiria um lucro maior, tendo em conta toda a campanha publicitária feito, mas que depois veio a ser gorada.

Como está a distribuição?

Neste momento, está a ser emitido pela plataforma Tellas e estamos a negociar com o ZAP Cinema para que seja exibido no Drive In, sob as medidas de bio-segurança. Há TVs nacionais interessadas em comprar o conteúdo, também a televisão do Zimbabué, duas da Nigéria, África do Sul. Até Dezembro, estaremos noutras plataformas internacionais.

Incluindo a Netflix?

Infelizmente, ainda não estará disponível na maior plataforma de streaming. Estamos a negociar e pelo facto de ter custeado o filme sozinho, não posso perder a autonomia, nem a minha patente para terceiros. Há arestas por limar.

(Leia a entrevista integral na edição 600 do Expansão, de sexta-feira, dia 13 de Novembro de 2020, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)