BNA promete garantia de depósitos bancários para 2014
O governador do Banco Nacional de Angola (BNA) quer potenciar o crescimento da bancarização e dos níveis de poupança da população, reforçar a inclusão dos cidadãos na vida financeira do País e contribuir para a redução da pobreza. Em 2014, arranca um programa de garantia de depósitos, diz José Massano.
As famílias e as empresas com rendimentos e poupanças no sistema bancário vão poder contar, em 2014, com um programa de garantia de depósitos, anunciou o governador do Banco Nacional de Angola (BNA), José de Lima Massano, na abertura do Fórum Poupança, realizado em Luanda por ocasião do Dia Mundial da Poupança.
Na prática, o BNA deverá criar um sistema que garanta aos clientes dos bancos a segurança do seu dinheiro perante qualquer eventualidade, como, por exemplo, a falência de uma instituição financeira. De acordo com a autoridade monetária e cambial, para além de contribuir para a redução da pobreza no País, o programa visa proteger a poupança e os rendimentos das famílias e das empresas, assim como potenciar o crescimento da bancarização e dos níveis de poupança.
"Em casa, devemos ensaiar a elaboração de orçamentos familiares, estimar quanto realizaremos de receita num determinado período, como pretendemos consumir e quanto deixamos guardado no banco para usar mais tarde", aconselhou José Massano, dirigindo- se às famílias.
Ainda assim, Massano reforçou a necessidade de, nos locais de trabalho, os cidadãos partilharem experiências de poupança, incentivando outros e contribuindo, por essa via, para o cumprimento de uma das metas traçadas pelo banco central: inclusão financeira.
"Estamos convencidos de que, na busca de maior eficiência, teremos soluções que facilitarão ainda mais a inclusão financeira e, por conseguinte, o aumento das opções de poupança", sublinhou.
O BNA lançou, em Agosto de 2011, um programa denominado Banquita, que consistia na abertura de contas bancárias com apenas 100 Kz (no caso de depósitos à ordem) e 1.000 Kz (para abertura de depósitos a prazo), no âmbito da sua tarefa de inclusão financeira.
Os esforços do banco central na modalidade Banquita resultaram em 226. 940 contas activas. Deste grupo, indica o BNA, parte dos clientes bancários já migrou para contas regulares.
"Estes números demonstram que se está a esbater a ideia de que para se ter uma conta bancária é preciso ter muito dinheiro ou que é muito caro mantê-la activa", disse José Massano, acrescentando que, entre outras vantagens, as contas Banquita não estão sujeitas a "quaisquer custos" de manutenção ou de movimentação, nem para a obtenção de um cartão de débito da rede Multicaixa.
Ao balancear o desempenho da actividade bancária nas mais variadas modalidades, o governador do BNA revelou que, entre Dezembro de 2010 e 30 de Setembro passado, o montante de depósitos no sistema totalizava 3,9 biliões Kz. Os depósitos a prazo aumentaram 72,3%, e à ordem, 46,5%, no período em análise.
Depósitos valem 13,21% do PIB
No seu discurso, à margem do Fórum Poupança, Massano avançou que 62% do valor dos depósitos pertencem ao sector privado empresarial não-financeiro, 33% a particulares e 5% ao sector público empresarial.
Os valores, explicou, correspondem a cerca de 13,21% do produto interno bruto (PIB). Ainda no segmento de poupança, cerca de 25% dos depósitos à ordem vêm das famílias, que, na visão de Massano, têm um peso "significativo" na economia monetária e financeira, sendo consideradas determinantes no aumento da capacidade interna de financiamento ao investimento.
"Ter conta bancária é um passo, mas também é necessário que os serviços e os produtos se ajustem continuamente à especificidade e às necessidades dos consumidores de serviços financeiros", apelou o governador do BNA aos agentes económicos, saudando o trabalho de adequação tecnológica e de ajustamentos procedimentais já realizados pelos bancos aderentes ao Banquita.
Excesso de regulamento e pouca oferta
Henriqueta Hunguana, moçambicana e membro da organização sul-africana New Faces Voices, convidada a intervir no fórum, considerou que o desenvolvimento do segmento de poupança bancária depende de três aspectos: regulamentação, oferta de serviços e produtos bancários, e procura.
Segundo a moçambicana, as autoridades monetárias devem estudar formas de redução dos requisitos para a abertura de contas, porque o excesso de regras constituiu "barreiras" para os cidadãos das zonas rurais.
"É importante que o quadro não seja tão rígido, que não coloque muitas restrições à captação de depósitos pelas pessoas de baixas rendas", advertiu Hunguana, para quem a poupança dá abertura a outras "regalias financeiras", designadamente o crédito.
Por outro lado, Henriqueta Hunguana chamou a atenção para o facto de, na maior parte dos casos, os produtos bancários não irem ao encontro da realidade dos cidadãos, sobretudo das mulheres, que têm "questões específicas".
"Até que ponto é que os nossos produtos financeiros são adequados à população de baixa renda, e até que ponto são adequados às mulheres?", questionou a activista, apontando para o papel das mulheres na sociedade.