Comércio é o sector mais apetecível para franceses e sul-africanos
A importação de produtos continua a ser mais favorável e com menos risco.
O sector do comércio continua a liderar a preferência dos investimentos em Angola por empresários sul-africanos e franceses. França é o sexto fornecedor do País mas quer ganhar terreno e investir localmente.
Lacticínios, material de construção e informático, e mini e supermercados são as áreas apontadas por empresários sul-africanos e franceses como as mais favoráveis para se fazer negócios em Angola.
A importação de produtos e a sua comercialização têm-se revelado "mais favoráveis e com níveis de risco menos elevados, contrariamente ao sector produtivo", disse o presidente da empresa francesa IDF - Radiocom, Cyril Zolghadri, no 1.º Fórum de Negócios Angola-África do Sul-França, em Luanda, que contou com 200 empresas dos três países.
Segundo o gestor, a empresa que dirige, ligada ao ramo das telecomunicações, está à procura de parceiros em Angola para investir no comércio de transceptores de mãos (comummente designados walkie-talkies), telefones e aparelhos de transmissão e recepção de dados audiovisuais.
"Notamos que existe grande abertura neste sector, principalmente no interior. Por isso, temos a perspectiva de abrir lojas em Luanda e em algumas províncias", disse o responsável, que não adiantou o montante a aplicar neste projecto.
Por sua vez, Willian Pril, empresário sul-africano, afirmou que a sua entrada nos negócios em Angola se concretizará com a criação de quatro armazéns para a comercialização de material de construção, um projecto em que prevê investir cerca de 194,9 milhões Kz (2 milhões USD).
"Numa altura em que o País assiste a um amplo projecto de reconstrução, e onde cada um procura formas de edificar a sua própria casa, o surgimento de mais empresas de apoio a estes projectos, como é o caso das empresas de venda de material de construção, torna-se cada vez mais necessário. Vamos começar em Luanda e, em seguida, em função também do desenvolvimento do projecto, vamos surgindo em outros pontos do País", explicou Willian Pril.
Embora não se tenha assinado qualquer tipo de acordo entre empresários angolanos, sul-africanos e franceses, ficando-se somente pelas intenções, o Fórum de Negócios Angola-África do Sul-França facilitou contactos entre empresários dos três países e serviu de palco para quem quisesse apresentar projectos e ideias.
Angola tem vários acordos de cooperação com França e a África do Sul, principalmente nos capítulos da energia, desporto, turismo, defesa, ciência e tecnologia. Embora a relação com a África do Sul seja a mais longa e abrangente - é o quinto parceiro comercial do País - , França, cujo primeiro acordo foi rubricado em 1982 [Acordo Geral de Cooperação], já demonstrou estar interessada em melhorar a sua posição.
Actualmente, França é o sexto fornecedor de Angola, estando apenas atrás de Portugal, China, Brasil, EUA e África do Sul. O país europeu é ainda o terceiro maior investidor em Angola, tendo aplicado nos últimos anos mais 1,4 mil milhões Kz (13,6 milhões USD), sendo a petrolífera Total a "bandeira" do investimento francês em Angola.
Em 2000, as relações entre Angola e França conheceram constrangimentos de vária ordem, nomeadamente por causa do conhecido Angolagate, em que as autoridades judiciais francesas indiciaram o Governo angolano num caso relativo à venda de armas russas a Luanda.
"Passados mais de dez anos, Paris quer virar a página na história da cooperação com Luanda", afirmou, recentemente, o ministro francês das Relações Exteriores, Laurent Fabius, em visita a Angola.
Pedro Fernandes / Expansão