O êxito do PROPRIV estará certamente refém do sucesso das primeiras operações de privatização, as quais produzirão "efeitos demonstradores" sobre o mercado, aguçando o interesse dos investidores ou desincentivando-os.
De entre estas, a privatização da ENSA Seguros será a que mais ressonância e visibilidade produzirá, pois trata-se de uma empresa considerada de referência nacional, líder de mercado e cuja privatização está prevista que arranque ainda durante 2019, através de IPO.
Porém, importa não só fazer rápido, mas fazer bem. Angola dificilmente terá uma segunda oportunidade para causar uma primeira boa impressão.
Sobre o processo de privatização começam, desde logo, a pairar as primeiras sombras associadas aos aludidos processos de downsizing, os quais acabam por, no imediato, determinar despedimentos. Porém, este não nos parece que seja um tema. O talento é, em qualquer parte do mundo, o mais escasso dos recursos. Angola não será, certamente, a excepção. O capital humano tenderá a flutuar entre empresas e entre sectores, acabando por se fixar nas indústrias mais dinâmicas e com maiores exigências de crescimento. Assim se consiga multiplicar um outro "activo", igualmente escasso, chamado "confiança"! Esta é uma problemática que deve ser gerida com equilíbrio e moderação, a bem da atracção de investimento e, em simultâneo, da paz social, sendo que a tónica deve incidir não do lado do problema (leia-se, despedimentos e desemprego), mas da solução (leia-se, formação, requalificação e reconversão dos activos). Em última análise, o "talento" será sempre o recurso mais escasso e valioso, sobretudo num quadro de abundância de investimento.

*Manager YE

(Leia o artigo na integra na edição 543 do Expansão, de sexta-feira 27 de Setembro de 2019, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)