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Opinião

Comércio electrónico e diversificação económica de África

Convidado

O comércio electrónico é um conjunto de transacções comerciais facilitadas através de plataformas digitais entre empresas (business to business (B2B)), entre empresas e indivíduos (empresas de consumo (B2C)), entre governos e empresas (B2G) e entre indivíduos (C2C).

Apesar do comércio tradicional continuar a constituir a maior parte das transacções globais, o comércio electrónico surge como alternativa em crescimento para o comércio de bens e serviços. Apesar da sua quota global ainda ser baixa, quando comparado com o comércio tradicional, o comércio electrónico desenvolve rapidamente e em força e deve tornar-se o principal meio de compras. A parcela actual do comércio electrónico no total das vendas a retalho é de 8,5%, mas o seu valor global tem crescido a uma taxa média anual de 20%. Este valor é estimado em cerca de 3.500 biliões USD, mais do que o dobro do que era há quatro anos. O comércio electrónico é mais difundido nos países mais ricos, com infra-estrutura de TIC extensa e fiável, mas também está a crescer rapidamente nos países em desenvolvimento. A China lidera com 83% das compras online, seguida pela Coreia do Sul e Reino Unido, e outros países europeus e asiáticos.

Em África, com um valor estimado em cerca de 19 biliões USD, o comércio electrónico está muito abaixo dos 832 biliões USD da Ásia, 553 biliões da América do Norte e 347 biliões USD da Europa. Não obstante, o número de compradores online aumenta mais rapidamente em África do que noutras regiões, por causa da penetração da internet e da telefonia móvel na região. Em África, as Maurícias, a África do Sul e a Nigéria são os países mais abertos ao comércio electrónico.

Na África Central, a maioria dos países está abaixo do ranking mundial, daí a necessidade de medidas e políticas para melhorar a sua capacidade de desenvolvimento do comércio electrónico. A nível regional, os Camarões é o 10.º mercado africano de comércio online, por causa da alta penetração de smartphones (de 68% em 2013 e 72% em 2016) e a taxa de penetração da internet (23% em 2018). O governo dos Camarões assinou com a Jumia, a maior plataforma de comércio electrónico em África, um acordo de parceria concebido não só para dar a este operador facilidades de desalfandegamento de encomendas importadas em nome dos seus clientes, mas também para os serviços alfandegários cobrarem os impostos sobre produtos importados online através desta plataforma.

Quais são os factores que favorecem o surgimento do comércio electrónico em África?

A taxa de crescimento rápido prevista para o comércio electrónico no nosso continente é o resultado de uma combinação de factores comuns à maioria dos países. Podemos citar entre outros a falta de qualidade das infra-estruturas comerciais, o número crescente de pessoas ligadas à internet, o surgimento de uma nova classe média com novos padrões de consumo, a urbanização, população menos receptiva a novas tecnologias e mais ávida por marcas e produtos do exterior e com capacidade de adopção rápida das inovações tecnológicas. O acesso limitado à plataforma bancária em relação ao acesso às telecomunicações também abriu o caminho para um novo papel das telecomunicações que se tornaram a forma preferida de transacções e transferências de dinheiro.

*Engenheiro e investigador

(Leia o artigo integral na edição 611 do Expansão, de sexta-feira, dia 12 de Fevereiro de 2021, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)