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Opinião

Notícias do Reino

Editorial

Hoje trago-vos notícias do reino, onde três anos depois da sua coroação, o novo rei passa por momentos difíceis junto do seu povo. Se numa primeira fase havia a convicção, direi mesmo o entusiasmo de novos tempos que se aproximavam, hoje vive entre uma guerra que estalou no seio da sua corte, e que se vai espalhando pelo País com sinais preocupantes de intolerância, de discriminação, de segregação e, em alguns casos mesmo, de violência.

O direito à diferença desapareceu da agenda e, tal com em outros tempos do reino, o argumento volta a ser "se não és dos nossos és contra nós". Implacável na lógica do seguidismo e da bajulação, está a brotar uma nova geração de seres que não distinguem a ironia do insulto, a inteligência da esperteza, a realidade da fé.

Uns porque as palas da sua construção intelectual não lhes permitem ter um ângulo de visão superior a 30 graus, outros, embora conscientes do que está a acontecer, acham convictamente que esta é a melhor estratégia para chegarem o mais rápido possível ao que sempre ambicionaram e que viram os pajens de outros tempos conseguir. De um lado, a realeza que depois de algum tempo fingidamente submissa começa agora a levantar a cabeça e a lançar o seu veneno sobre o novo monarca, do outro, uma geração que também quer ter favores reais, disposta a pisar tudo e todos, para receber umas prendas dos novos "reis". De vez em quando, juntam-se nas reuniões da sua corte, vestem-se de igual e até parecem que estão juntos.

Esta instabilidade na corte, suportada por uma tensão que vai crescendo todos os dias, pega-se aos restantes cidadãos, aos que, por opção própria ou por discriminação selectiva, não circulam nos jardins do palácio. Para os primeiros as consequências são a desilusão, o descrédito e mesmo alguma desorientação. Para os segundos, apenas o acirrar das diferenças, dos ódios, dos caminhos sem retorno.

As outras famílias que também ambicionam viver no castelo vão-se movimentando em redor do poder, capitalizando os disparates da corte, mas com pouca estratégia, também com as suas "guerras" internas, e com muito "pouco peito" para baterem à porta. Na verdade, as mordomias que já recebem do reino parecem suficientes para se manterem calmas e tranquilas. Por vezes, fica a ideia que não são uma equipa alternativa, apenas suplentes à espera de entrarem para a primeira equipa.

Isto num reino que está mais pobre, onde as dificuldades são cada vez maiores, camufladas por campanhas de comunicação em que nem os protagonistas acreditam, mas com a vantagem de criarem uma realidade virtual que levam alguns na corte a achar que é verdade. E, na verdade, quanto mais isolados estiverem no seu castelo, mais esta estratégia parece a correcta. Mas parece só, porque fora das portas do castelo isto está muito difícil. Mesmo!