Burocracia, falta de infra-estruturas e difícil acesso a crédito afastam investidores
A excessiva burocracia, as dificuldades na contratação de crédito bancário e a falta de infra-estruturas no País continuam a estar na base do fraco interesse de empresários estrangeiros em investir no mercado angolano, afirmam os especialistas contactados pelo Expansão.
Este tipo de questões são frequentemente tema de comum entre investidores e empreendedores, dizem, chegando-se sempre à mesma conclusão: o ambiente de negócios em Angola não é propício a investimentos.
O investigador Fernandes Wanda, com base nos dados sobre as propostas de investimentos recebidas, entre Agosto de 2018 e Dezembro de 2020, pela Agência de Investimento Privado e Promoção das Exportações (AIPEX) (ver peça ao lado), explica que "das conversas que temos tido com vários empresários e empreendedores angolanos chegamos à conclusão de que o ambiente de negócios em Angola não é propício para os investidores."
Lembra, por outro lado, que "apesar do discurso político teimar em dizer que as coisas estão melhores, a verdade é que a carga burocrática ainda é excessiva, as dificuldades no acesso ao financiamento mantêm-se e o País continua sem dispor de infra-estruturas produtivas."
Já o consultor Galvão Branco explica que tendo em conta o 177.º (em 190 países) lugar que Angola ocupa no "Doing Business" o mercado angolano está longe de ser apetecível aos investidores que queiram fazer negócios com a sustentabilidade exigida.
Galvão Branco diz que nem mesmo as reformas e modificações que ultimamente têm sido feitas em alguns domínios de procedimentos administrativos, nomeadamente no sistema de pagamento de impostos e a digitalização de alguns serviços, têm sido "suficiente para garantir uma melhoria do ambiente para se fazer negócios em Angola".
O economista Wilson Chimoco também faz uma avaliação negativa do ambiente de negócios em Angola e lamenta o facto de as poucas oportunidades de negócios que vão surgindo estejam restritas à capital do País, já que o interior não tem condições para atrair investimentos.
"Para aquilo que são as nossas necessidades, não termos condições para que empresas nasçam, cresçam, se desenvolvam e tenham a possibilidade de morrer sem grandes constrangimentos, é desafiante", afirma, exemplificando, por outro lado, que não se compreende que a emissão de uma licença de construção demore mais de 150 dias a ser emitida. Chimoco critica ainda as dificuldades para encontrar financiamento bancário no País:"É um calvário a contratação de crédito em Angola para financiar a actividade empresarial", sublinha.
(Leia o artigo integral na edição 612 do Expansão, de sexta-feira, dia 19 de Fevereiro de 2021, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)