Banco Económico
A solução para o Banco Económico merece uma dupla felicitação - por um lado, mantém-se em actividade uma das entidades mais importantes do País, com o que isso significa em termos de emprego, e, por outro, o Estado não vai meter mais dinheiro.
A factura vai ser entregue aos maiores depositantes, que, a troco de 300 mil milhões de kwanzas, vão distribuir entre si 78% do capital da nova estrutura accionista. Do ponto de vista económico, parece bem. Do ponto de vista ético e moral já pode merecer algumas dúvidas, especialmente se não for possível explicar convenientemente a proveniência do dinheiro que os tornou nos maiores depositantes. Mas isso são outras contas, até porque estamos num momento da nossa História em que é mais importante matar a fome que debater "essas coisas" da ética. Mas isso não significa que nos vamos esquecer ou que não voltemos ao assunto quando a situação melhorar.
O que me parece ser a maior fraqueza deste plano é pensar como é que estas personalidades se vão "arranjar" numa estrutura accionista e que o banco funcione. Não sendo nenhum deles maioritário ou perto disso vai obrigar a que o pacto social seja mais apertado, dando maior autonomia e protagonismo ao Conselho de Administração, possivelmente valorizando a posição do Estado, que ficará aproximadamente com 20%, para que não exista a tentação dos envolvidos em pôr mão no mel e voltarem a entornar o frasco.
Feitos sócios mediante a lógica do "querem isto ou isto", vão certamente encontrar mecanismos para que, a curto e médio prazo, esta possa vir a ser uma solução efectiva. Mas não me parece que possa durar muito mais que três anos, até que os primeiros comecem a movimentar-se no sentido de venderem as suas participações, que esta estrutura accionista possa ser alterada. Mas como está explicado acima, a forma como será redigido o pacto social, será fundamental para o sucesso do "novo" Banco Económico. E aqui fica o apelo ao governador do BNA, que, além do pacto social, deve também obrigar os envolvidos a assinarem por escrito, com pesadas multas por incumprimento, acordos parassociais que garantam um funcionamento tranquilo e um crescimento sustentado do banco, pelo menos durante cinco anos.
Pode até parecer que é o BNA que está numa posição mais frágil, uma vez que tem de resolver este problema com alguma celeridade e sem gastar dinheiro, mas convém não esquecer que para estes maiores depositantes o risco era perderem tudo, e assim pagam 35% e ainda se tornam donos de banco. Veremos agora como vão aparecer na futura sociedade, até porque alguns deles podem ser considerados PEP"s, outros já têm capital noutros bancos e outros ainda não se imaginava serem capazes de incorporar o grupo. Nós, Expansão, prometemos que vamos fazer o nosso papel, acompanhar a evolução deste projecto e, se necessário for, publicar informação complementar sobre este negócio.