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Opinião

Desemprego, saúde e pobreza - o cocktail perfeito para não se sair de onde se está

Laboratório Económico

Este tema foi-me sugerido por um recentíssimo estudo sobre a pobreza em Portugal (Abril de 2021), coordenado pelo Professor Fernando Diogo, intitulado "A Pobreza em Portugal - Trajectos e Quotidianos", patrocinado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos e com uma equipa numerosa (Ana Cristina Palos, Carlos Farinha Rodrigues, Elvira Pereira, Fernando Bessa Ribeiro, Francisco Branco, Gabriela Trevisan, Lídia Fernandes, Osvaldo Silva, Pedro Perista e Inês Amaro (colaboração), pertencentes a diversas universidades portuguesas.

Duas conclusões chamam a atenção de quem se ocupa com a análise científica destas matérias e de quem se preocupa com as suas incidências sociais e económicas (e mesmo políticas, pois em países onde a democracia funciona, desemprego e pobreza costumam fazer perder eleições): as causas da pobreza identificadas como as mais poderosas explicações do fenómeno da pobreza em Portugal são o desemprego, a saúde (ou a falta dela) e o divórcio (rompimento dos elos familiares consequencializador de fracturação dos rendimentos, face à sua constância no tempo/degradação do respectivo poder de aquisição). A pobreza não existe apenas entre a população desempregada (desemprego e pobreza casam-se bem e reforçam-se mutuamente), mas igualmente entre os empregados (correlação já há algum tempo atrás identificada/analisada por organismos internacionais ligados ao estudo destas matérias, como a Organização Internacional do Trabalho e que o CEIC, no seu Relatório de 2013, abordou para Angola).

Este aspecto pobreza/emprego chama imediatamente a atenção para os níveis de salários e a necessidade de os resguardar ao longo dos processos de crescimento económico, para que aconteça o desenvolvimento (mais valor do PIB por habitante e melhor repartido, segundo critérios de eficiência e equidade).

Falar em níveis salariais é falar da importância da educação para os processos de reprodução alargada dos tecidos económicos e das matrizes sociais. Salários mais elevados, protectores de níveis altos ou pelo menos aceitáveis de condições de vida, presente e futura, só podem ser praticados, em nome do progresso, com elevados padrões de produtividade e, portanto, de educação. Aliás, mais educação e menos pobreza é, também, um binómio comprovado por variadas evidências empíricas, nas economias desenvolvidas e, sobretudo, nas denominadas emergentes, que conseguiram suplantar os ciclos viciosos da pobreza e do subdesenvolvimento (China é um dos exemplos mais referenciados de superação da pobreza, em pouco mais de 10 anos).

*Economista

(Leia o artigo integral na edição 620 do Expansão, de sexta-feira, dia 16 de Abril de 2021, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)