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Opinião

Países/espaços mais atractivos para o investimento externo

Laboratório Económico

Os mais recentes Relatórios do Fundo Monetário Internacional (World Economic Outlook, April 2021, Regional Economic Outlook ASS April 2021, Fiscal Monitor April 2021, Global Financial Stability Report April 2021, a que se podem acrescentar o do Banco Mundial Global Economic Prospects, January 2021) são relativamente pessimistas quanto ao comportamento futuro da economia mundial e de todos os espaços regionais em que se divide.

Os efeitos perversos da pandemia da Covid-19 continuarão a diminuir a capacidade de crescimento das economias e, mesmo, as vacinas - cujos processos de disseminação universal, regionais e dentro de cada país defrontam problemas inexplicáveis e inaceitáveis, onde se descobrem comportamentos corruptivos e disruptivos quanto à sua aquisição, distribuição e aplicação - podem não ser a panaceia para o recobro das dinâmicas de crescimento.

O Fundo Monetário Internacional, ao estabelecer as suas previsões até 2026, teme pela fragilidade das matrizes económicas e dos sistemas sociais das mais importantes economias mundiais e receia que a gestão das diferentes recuperações económicas coloque problemas complicados e desafios apenas em parte vencíveis até 2026.

O comportamento das bolsas mundiais e de outros instrumentos de natureza especulativa só, eventualmente - a despeito de alguns sinais de retoma que devem ser interpretados com cautela como forma de resguardo de possíveis investimentos - depois de 2022 poderá oferecer alternativas válidas e seguras. No entanto, sempre em linha com a capacidade mundial de recobro do crescimento económico, que vai ser muito diferente de país para país.

Por exemplo, o FMI afirma que África Subsariana enfrenta riscos acrescidos de retoma da dinâmica de crescimento, devidos, não apenas ao efeito inércia do período 2015-2020 (taxa média anual de crescimento do seu PIB de 2% (em contraste com os anos entre 2003 e 20012, com 5,7%)), mas, igualmente, ao peso das dívidas públicas. Assim sendo, "The region would only return to precrisis income levels in 2024, one year later than in the baseline scenario".

As ajudas financeiras no enredo da luta contra a pandemia e apoio da economia não serão suficientes,
dadas as insuficiências e debilidades dos sistemas produtivos e institucionais da África Subsariana, levando esta instituição a afirmar "Every year in sub-Saharan Africa, 20 million new job seekers enter the labor market. In the short term, providing employment opportunities for these new entrants is perhaps one of the region"s most pressing policy challenges".

Nem a África do Sul e a Nigéria, as duas maiores economias africanas sul-subsarianas, poderão, até 2024, ir em socorro do espaço económico africano, enquanto possíveis molas de propulsão para o esperado re-take off.

Vale lembrar que o Quénia recolhe o mesmo montante das exportações de flores - uma das suas actuais especialidades produtivas - que Angola nas vendas externas de diamantes.

No contexto da África Subsariana, Angola não constitui chamamento interessante para investidores estrangeiros no item considerado, qual seja, capacidade de crescimento futuro (2,1% em média anual para 2021-2026, bem abaixo da taxa de crescimento demográfico, donde um poder de compra monetário interno baixo e, consequentemente, capacidade de absorção baixa). A intensidade do crescimento do PIB é um incentivo forte para o investimento privado estrangeiro, o qual acrescido a bons ambientes de negócio funcionam como os factores decisivos de entrada de capitais externos. Argumentos que falham em Angola.

*Economista

(Leia o artigo integral na edição 622 do Expansão, de sexta-feira, dia 30 de Abril de 2021, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)