Exclusividade e projetos pessoais
A grande maioria das empresas, se não todas, nos seus contratos de trabalho com os colaboradores, tem sempre uma cláusula de exclusividade. O que faz sentido, uma vez que esse mesmo colaborador tem um horário de trabalho completo, um salário e respectivos benefícios, e a empresa prevê que, em caso de necessidade, essa mesma pessoa possa trabalhar mais umas horas do que o normal, em momentos de picos de atividade.
Por outro lado, em algumas indústrias ou funções, cada vez mais se aplica o conceito de isenção de horário de trabalho. Tudo isto é perfeitamente normal.
Mas há pessoas que não se satisfazem com "apenas" isso. Ou seja, além de terem a sua normal atividade profissional, têm também outras atividades em nada relacionadas com o que fazem na empresa que os emprega. E isso, desde que não afete o seu rendimento profissional, não tem também qualquer problema, sendo perfeitamente normal. Mas aqui colocam-se duas questões, que irei abordar abaixo:
01. ESTAS ATIVIDADES CARECEM DE APROVAÇÃO DA ENTIDADE EMPREGADORA?
Havendo uma cláusula de exclusividade no contrato, importa sempre ser transparente com a entidade empregadora. Mesmo que estas cláusulas tenham como objetivo não permitir que o colaborador desempenhe atividades profissionais similares em concorrentes ou clientes, e sendo que as atividades que essa mesma pessoa desempenha fora do seu horário de trabalho sejam completamente diferentes do que faz na organização com a qual tem um contrato de trabalho, é fundamental que haja uma comunicação formal a referir o que faz se essa atividade gerar rendimento financeiro. Se em termos legais existe forma de contornar este tema em situação de conflito, a verdade é que em termos éticos não existe forma nenhuma. É sabido que o "mundo é pequeno" e que rapidamente se sabe de tudo, da mesma forma que os meios informais da empresa também saberão o que faz, até porque o veículo informativo pode muito bem ser o próprio, em conversa de copa ou café.
Assim sendo, e porque a transparência é fundamental, importa que os colaboradores informem as suas chefias do que estão a fazer, precedido de uma conversa pessoal. Com isso, elimina potenciais problemas, pode explicar que o que faz não tem qualquer impacto no seu rendimento, e até pode ser um meio de conversa interessante em futuros momentos. Muitas vezes, sem sabermos, temos interesses comuns com as nossas chefias, e revelando o nosso lado B, pode ser um meio de desbloquear uma relação de confiança e partilha.
*Expert in Human Resources & Entrepreneur, Certified Coach PLD19, Harvard Business School Alumni
(Leia o artigo integral na edição 623 do Expansão, de sexta-feira, dia 7 de Maio de 2021, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)