Importação de bens de consumo disparou e de matérias-primas caiu
As compras ao exterior de bens intermédios (produtos transformados para as indústrias e partes de máquinas) caiu 6% para 512 mil milhões Kz e a de bens de capital (máquinas, automóveis) caiu 5,5% para 358 mil milhões Kz.
A importação de bens de consumo cresceu 47% no I trimestre de 2022 face ao mesmo período de 2021, ao passar de 421,6 mil milhões Kz para 620,9 mil milhões Kz, permitindo o abrandamento da inflação, já que aumentou a oferta de bens no país. No entanto, o aumento da importação dos produtos já acabados contrasta com a queda nas compras lá fora de matérias-primas para o sector industrial, o que segundo especialistas é um sinal de que em ano de eleições se pode estar a comprometer o processo de diversificação em prol de interesses mais imediatos.
Se por um lado dispararam as compras ao exterior de bens de consumo, tendo um efeito mais imediato sobre os preços, por outro as compras ao exterior de bens intermédios (produtos transformados para as indústrias e partes de máquinas) caiu 6% para 512 mil milhões Kz e a de bens de capital (máquinas, automóveis) caiu 5,5% para 358 mil milhões Kz. Para o investigador Fernandes Wanda, já era expectável que este ano eleitoral houvesse maior oferta de bens de consumo em contraste com os bens intermédios, o que acaba por pôr em causa o discurso oficial de cortar as importações para fomentar a produção nacional.
"Era preciso que essa intervenção combinada do Executivo e BNA assegurasse um aumento nas importações de bens intermédios e de capital sem os quais a actividade produtiva não pode ser dinamizada. Agora que os dados estão disponíveis podemos dizer que tal não se está a verificar. ). Esperamos que quem de direito possa intervir enquanto pode sob pena de Angola perder mais uma oportunidade de dinamizar o sector produtivo", sublinha.
Os efeitos desse aumento das importações já é visível pois pelo quinto mês consecutivo a taxa de inflação mensal, medida pela variação do índice de preços no consumidor, está a desacelerar. Depois de ter entrado em 2022 com uma inflação mensal de 2,0%, esta tem vindo a abrandar até que o custo do cabaz que reflecte o consumo dos angolanos aumentou "apenas" 0,93% em Maio, o valor mensal mais baixo de Abril de 2015.
Mais gastos em combustíveis
O aumento dos preços do barril de petróleo depois do início da guerra na Ucrânia permite ao país uma maior folga orçamental, que resulta da subida das receitas fiscais com a exportação desta commoditie. Se por um lado a venda de petróleo e gás cresceu 43% no I trimestre de 2022 face ao mesmo período do ano passado, valendo 94,6% das exportações angolanas, por outro agrava as contas, especialmente as da Sonangol, já que os combustíveis viram os seus preços disparar.
Neste sentido, entre o I trimestre de 2021 e o mesmo período este ano, Angola importou 338,5 mil milhões Kz (equivalentes a 671 milhões USD) em combustíveis, uma subida homóloga de 44% face aos 234,9 mil milhões gastos entre Janeiro e Março do ano passado. Contas feitas, os combustíveis representam 18,5% do total de 1,8 biliões Kz que valem as importações angolanas no I trimestre.