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Venda de carros novos cai 34% para apenas 4.484 veículos em 2024

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Estes são os números oficiais da ACETRO, representantes oficiais das marcas, que valem apenas 30% das vendas no País. O mercado não oficial, que traz os veículos da Europa e dos países árabes, faz 70% das vendas dos carros novos, suportado pelo Estado, que não compra veículos nos concessionários das marcas.

Em 2024 venderam-se apenas 10% dos carros que foram vendidos em 2014, numa altura em que o câmbio era favorável (100 Kz /1 USD), em que o PIB do País era de 164 mil milhões USD - hoje ronda os 110mil milhões USD, segundo o FMI - em que a economia estava a crescer acima da população e havia ainda um ambiente de confiança nas empresas e nos cidadãos. Nesse ano, a Associação dos Concessionários de Equipamentos Rodoviários e Outros (ACETRO) registou que se venderam 44.536 veículos novos. Já no ano passado este número foi de apenas 4.484 veículos.

Este valor representa uma queda de 34% face ao número de carros vendidos em 2023 (6.982 veículos), o ano que era visto como o da retoma definitiva do sector, depois de crescimentos em 2022 (+22%) e em 2021 (+61%). Recordar que em 2020 - fortemente afectado pela Covid- -10 - as vendas tiveram o valor mais baixo da última década, apenas 2.406 veículos novos.

Por segmentos, os ligeiros de passageiros continuam a dominar as vendas, com 73,2 % do total (3.282 veículos), seguido dos ligeiros de mercadorias, com 15,8% (706 veículos), os pesados comerciais com 8,2% (368 veículos) e os pesados de passageiros com 2,8% (128 veículos). Curioso verificar que esta divisão do mercado era similar nos "anos dourados" em que se vendiam mais de 40 mil carros novos todos os anos: em 2014 os ligeiros de passageiros representaram 77,4% e os ligeiros de passageiros cerca de 15,1%.

Mas se a estrutura se vai mantendo, os valores encolheram bastante. Entre as explicações estão a desvalorização da moeda nacional, que passou de 100 Kz por USD para os 912 Kz actuais, mas também a falta de acesso ao crédito bancário - lembrar que na altura cerca de 70% das compras de carros novos se fazia através de empréstimos contraídos junto da banca comercial, e hoje praticamente não existe.

Muitas das instituições bancárias não tem um produto específico de crédito automóvel pelo que as taxas de juro, já com alguma negociação por parte das empresas e particulares, raramente fica abaixo dos 20%. Na verdade, de acordo com as empresas que o Expansão ouviu, os únicos veículos que são vendidos a crédito são aqueles que estão inseridos em projectos ao abrigo do Aviso 9 ou Aviso 10 do BNA, que beneficiam de taxas de juro muito mais baixas.

Por isso, quando olhamos para as vendas que fazem do universo da ACETRO, o carro mais vendido, com uma diferença enorme face aos restantes é o Suzuki Swift, exactamente pelo preço. Apenas olhando para as marcas, depois da Suzuki (1.897 veículos), segue-se a Hyundai (490 veículos), a Toyota (408 veículos), a Renault (193 veículos), e a Nissan e CherY (188 veículos cada uma).

Mercado não oficial vale 70% das vendas

De acordo com Nuno Borges, presidente da ACETRO, "estes números representam apenas 30% das vendas de veículos novos que se fazem no País, sendo que os restantes 70% são de importadores que os vão buscar maioritariamente ao Dubai e à Europa, vendendo-os depois no mercado nacional. Não sendo representantes oficiais das marcas, as suas vendas não entram neste universo. "Aquilo a que eu chamo o mercado não oficial vale cerca de 70% do negócio", admite. Podemos então concluir que o número de veículos novos vendidos em Angola o ano passado terá rondado os 15.000.

Em termos práticos, esta prática generalizou-se nos últimos 20 anos, e empresas com dimensão nas vendas globais, como Sicomex, Sogepower, Target, Procarro, Coreauto, Chana, Longtai e TGC Automóveis, apenas para referenciar as maiores, continuam a vender de forma livre no nosso mercado. Uma prática que é alimentada fundamentalmente pelo Estado, que não compra veículos nos representantes oficiais das marcas.

Os carros dos deputados, os veículos para polícias e militares, das administrações municipais, dos ministérios, etc., são adquiridos através de contratos com estas empresas. Os donos destas empresas têm normalmente ligações muito próximas com os corredores do poder, alguns empresários angolanos conhecidos, mas também indianos, libaneses e chineses estão neste negócio. Ou seja, os milhares de carros que o Estado distribui todos os anos, não está nestes valores.

Leia o artigo integral na edição 813 do Expansão, de sexta-feira, dia 14 de Fevereiro de 2025, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

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