ZAP reintegra funcionários, mas deixa jornalistas e informação de fora
O processo de reintegração não abrange todos os ex-funcionários, uma vez que o canal também tinha espaços de informação, sem licença para o fazer. Por isso, o regresso será só com entretenimento.
Dez dias depois de a ZAP despedir mais de 400 funcionários, a PGR comunicou que a gestão das empresas ZAP Media S.A. e Finstar passaria para o Ministério das Telecomunicações Tecnologias de Informação e Comunicação Social (MINTTICS), e que a mesma deve garantir a reintegração dos trabalhadores.
De acordo com informação a que o Expansão teve acesso, são muitos os funcionários que se dirigiram às instalações da empresa no dia a seguir ao comunicado da PGR, porém outros foram contactados pela direcção da empresa. Mas nenhum dos jornalistas do departamento de actualidade (informação) foi chamado para este processo de reintegração. A emissão de notícias pesava muito para o canal, sendo mesmo considerado o principal motivo da sua suspensão, uma vez que a ZAP não tinha licença para fazer informação.
Segundo apurou o Expansão, os trabalhadores foram contratados em regime de tempo determinado (trimestral), pelo que depois da suspensão do canal a empresa rescindiu o contrato com os funcionários. Os primeiros foram os prestadores de serviços e depois o pessoal da área de informação, de acordo com o contrato de cada funcionário. E por fim, fez-se então o despedimento massivo do pessoal de entretenimento, no dia 11 de Janeiro.
Contudo, aqueles que já atingiram a efectividade foram enquadrados em outras áreas fora da televisão, passaram a fazer produção de conteúdos comerciais, pois o despedimento destas pessoas tinha um custo elevado para a empresa.
Na terça-feira, 15, a ZAP informou os seus clientes e o público que foram observados todos os requisitos legais junto da Direcção Nacional de Informação e Comunicação Institucional (DNCI), permitindo assim estarem reunidas as condições para a retoma ainda este mês da emissão do Canal ZAP VIVA em Angola. Está, assim, a ser preparado o regresso da emissão do canal e, oportunamente, será comunicada a data oficial para a retoma da emissão.
"A expectativa é que seja um processo não conclusivo"
O secretário do Sindicato dos Jornalistas Angolanos, Teixeira Cândido, contesta a decisão de deixar os profissionais da comunicação social de fora por entender que o fundamento da PGR para substituir o fiel depositário tem a ver com o facto de a ZAP estar a despedir trabalhadores e, se a promessa é que todos deveriam ser reintegrados, logo, não faz sentido uns serem reintegrados e outros não. E acrescenta: "a nossa expectativa é que seja um processo ainda não conclusivo".
Para o representante dos jornalistas, os comunicados, quer o da PGR quer o do Ministério não dizem ao certo o que está acontecer. "Pelo que, não temos uma informação concreta sobre a questão da ZAP. Contudo, vamos procurar saber junto da ZAP VIVA, assim como do Ministério, para entender o que se passa em concreto", ressaltou.
Segundo uma fonte do MINTTICS, a ZAP VIVA é um canal de televisão temático para entretenimento, logo no seu regresso só poderá emitir programas de entretimento. "O serviço público de informação onde temos notícia é um serviço dedicado por empresas de comunicação. Em Angola só temos a TPA e a Zimbo", mencionou a fonte. O Expansão contactou a direcção ZAP, mas até ao fecho desta edição a empresa não respondeu às questões.