Gestor ou líder?
Qualquer estudioso da disciplina de Gestão encontrará tantas definições de Gestão quanto autores. No entanto, existe uma ideia comum a todos eles, em que ao gestor é, em primeiro lugar, exigido atingir metas e objectivos, pelo que gestão pode considerar-se como o processo de trabalhar com e por intermédio de indivíduos, grupos e outros recursos para atingir objectivos organizacionais.
Esta definição aplica-se a qualquer tipo de organização pública ou privada. Para terem sucesso, as organizações necessitam que qualquer dos seus colaboradores com responsabilidades mínimas de gestão tenha também competências interpessoais. Assim, atingir objectivos organizacionais é gerir através do exercício da liderança, pelo que todos os líderes são, nalguma dimensão, gestores. Por outro lado, liderança é um conceito mais amplo que gestão.
A gestão, como já vimos, recorre à liderança para atingir objectivos organizacionais. A liderança, contudo, ocorre sempre que alguém tenta influenciar o comportamento de um indivíduo ou grupo, independentemente da razão dessa influência. Pode ser para atingir objectivos próprios, ou para objectivos de outrem, e estes objectivos podem ou não ser congruentes com os objectivos organizacionais. Warren Bennis, considerado um dos grandes teóricos da liderança, distingue liderança e gestão desta forma, para nós bastante provocatória: Os líderes conquistam o contexto, as envolventes voláteis, turbulentas, ambíguas que por vezes parecem conspirar contra nós e que por certo, se deixarmos, nos vão sufocar.
Os gestores rendem-se! O gestor administra; o líder inova. O gestor é uma cópia; o líder é um original. O gestor mantém; o líder desenvolve. O gestor focaliza-se nos sistemas e na estrutura; o líder, nas pessoas. O gestor centra-se no controlo; o líder inspira confiança. O gestor tem uma perspectiva de curto prazo; o líder, uma visão de longo alcance. O gestor pergunta como e quando; o líder pergunta o quê e porquê. O gestor imita; o líder cria. O gestor aceita o status quo; o líder desafia-o. ... Os gestores fazem the things right; os líderes fazem the right things.
A eterna questão, se a liderança se aprende ou se se nasce líder, tem sido estudada ao longo de décadas por investigadores e estudiosos do assunto. Se se nasce líder, porquê investir tantos recursos em formação e literatura de liderança? Por outro lado, se se aprende a ser líder, então cada pessoa pode tornar-se um líder, o que é bom para todos. Estas perspectivas são bastante diferentes, e as implicações para a formação e desenvolvimento são enormes. Se a capacidade de liderar é determinada geneticamente, então a formação pode desempenhar um papel importante no seu desenvolvimento.
Mas se a liderança é aprendida com a experiência, a formação servirá para desenvolver novas competências e integrar experiências passadas em novas abordagens. A perspectiva actual é que líderes nascem como tal, mas também se fazem, especialmente num contexto amplo de liderança. Os resultados da investigação feita nas últimas décadas dizem-nos que há traços de liderança geneticamente hereditários, referindo-se, a título de exemplo, inteligência, energia física e potencial social.
Contudo, a experiência formal e informal também assume um papel relevante, em particular a experiência profissional. As dificuldades, as oportunidades, o nível educacional, os modelos de líder e os mentores, tudo junto contribui para formar um líder. Hoje, não há dúvidas de que há líderes natos, mas por vezes a sua liderança nem sempre tem impacto positivo nas sociedades. Também é verdade que há grandes líderes que se fazem através da experiência, formação e aprendizagem da vida.
José Aires, A+ Angola (Dir. Formação e Desenvolvimento)