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"Tenho todos os meses um salário, mas aquilo que a música me traz, não tem comparação"

ÂNGELA FERRÃO | CANTORA

Depois de ceder parte do seu tempo a formações, a intérprete do tema "Wanga" disse que não há escapatória para quem nasceu com veia musical, por isso, quer dedicar mais tempo à música e aos palcos. Ao Expansão, defende que os artistas devem participar nas soluções dos problemas que afligem a sociedade.

Com um percurso de mais de 40 anos de música, qual é o balanço que faz do seu trajecto?

O que posso dizer até agora é que tive momentos menos bons, mas o importante é que os momentos bons superam estes. É uma carreira que tem muita coisa bonita no meio. Sacrifícios não faltaram, a começar pela minha própria família, porque sou mãe de cinco filhos feitos no decorrer da carreira. E também sou uma pessoa que gosta de aprender, então, ao longo deste tempo fiz três formações superiores, a par de outros cursos, não menos importantes que a música. Daí que tive a necessidade de ir levando, para não deixar nada para depois e sempre com a maior responsabilidade possível. É uma carreira da qual me orgulho, consegui gravar dois CD"s, "Wanga" e "Minhas Raízes". Tenho também algumas músicas gravadas que não fazem parte de nenhum destes álbuns, tenho alguns vídeoclipes, tenho outras composições. Aquilo que trouxe ao mercado são músicas inéditas e fico muito feliz em saber que consegui trazer coisas novas, saber que o público gosta do meu trabalho. Acho que este é um motivo muito grande para que um artista possa fazer um balanço positivo.

O seu primeiro álbum foi lançado em 2007 e o segundo em 2017. Pensa no terceiro disco com mais um intervalo de 10 anos?

Em 2027, muita coisa boa poderá acontecer, mas não quero fazer promessas, porque o País e o mundo estão como estão. Estou a falar de tudo o que é arte e outras coisas - a música não foge desta regra. Infelizmente há muitas dificuldades para conseguirmos trazer bons álbuns, discos com a qualidade que se deseja, aquilo que é o necessário. Porque se ouvir os meus trabalhos há-de perceber que costumamos ser muito exigentes, até porque o público merece algo que realmente valha a pena. E quanto mais sério, ou melhor, for o trabalho, mais custos acarreta. E não estamos a falar só da questão financeira, são profissionais melhor capacitados, é mais tempo, escolha do estúdio, é muita coisa envolvida. Até mesmo nas próprias composições, temos uma série de músicas e temos que ver qual é a que melhor se adequa. Não só a fase que se está a viver, mas aquilo que a gente quer realmente transmitir às pessoas. Então, não sei se até lá...

Mas pensa num terceiro disco?

Sim, claro. É pena que não temos tido capacidade de trazer ao público um tema ou uma canção sempre que pudermos. Porque isso seria o normal, acompanhar a dinâmica da vida. Infelizmente, temos que fazer isso só quando é possível e não deveria ser assim. Porque o artista tem a oportunidade de ter nas suas mãos um microfone. E é bom quando conseguimos aproveitar e levar a mensagem às pessoas. Porque o artista vê o mundo de forma um pouco diferente. E eu, pelo menos, preocupo-me com o dia-a- -dia das pessoas, com aquilo que acontece na sociedade. Com temas que realmente devemos falar. Como agora, por exemplo, o caso da violência, dos abusos sexuais. E por causa disso, vemos famílias a se desfazerem. E se temos em mente que a família é a base, é o que de mais precioso temos, então temos muito o que falar sobre isso. Logo, podemos nos associar a outras pessoas, de outros ramos do saber, para encontrar soluções. E essas coisas todas podem ser cantadas, porque há várias formas de abordar. E se essa abordagem for feita através da música, parece uma coisa um pouco mais leve, capaz de atrair mais gente e passamos a mensagem a mesma.

Sente que os artistas estão limitados?

Limitados, de forma dita só, não estão. Mas encontramos estes obstáculos, porque infelizmente não podemos falar com as pessoas uma-a-uma, de forma individual. Por isso dizia que através da música seria um canal bom para o efeito. E para chegar até lá, temos estes custos no meio que dificultam um pouco e impactam a marcha do artista, porque poucas são as pessoas que se identificam e têm essa sensibilidade. Penso que quando o político, o empresário, a sociedade se move para ajudar o artista, no fundo, cada um está a ajudar-se a si também. Porque o artista vai pegar naquilo e vai transformar e devolver à sociedade.

Leia o artigo integral na edição 856 do Expansão, sexta-feira, dia 12 de Dezembro de 2025, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

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