CFL acusa estrangeiros pelo roubo de matéria na linha férrea
Governo reiteirou a interconexão dos caminhos-de-ferro de Luanda e de Benguela atráves da Ligação Malanje- Saurimo e Saurimo-Luena.
A administração do Caminho de Ferro de Luanda (CFL) acusou, neste quarta-feira, empresários malianos e senegaleses de aliciarem crianças e jovens angolanos ao "roubo desenfreado" de material como parafusos, travessas e carris, que são materiais importados e de elevado custo, de acordo com Manuel João Lourenço, presidente do Conselho de Administração em exercício, citado pela Lusa.
O "roubo desenfreado" do material nos caminhos-de-ferro no País é recorrente e acentuou-se com o crescimento da indústria do aço para o sector da construção civil. Este crescimento fez reduzir a quantidade de sucata em Luanda, que é matéria-prima desta indústria. Para manter as fábricas operacionais muitos são induzidos a encontrar outras formas, mesmo que sejam ilegais, o que tem preocupado o sector ferroviário.
Deste modo, criou-se, sobretudo em Luanda, uma rede clandestina de negócio do aço e outros materiais ferrosos que servem de sustento a muitas famílias, atendendo a informalidade e o índice de pobreza. "Este material vai para o peso, infelizmente esta é uma realidade que preocupa os três caminhos-de-ferro de Angola", lamentou Manuel João Lourenço à margem do Iº Ciclo de Conferências Técnicas Rodoviárias de Angola, realizado nesta terça-feira em Luanda.
Segundo o responsável, jovens e crianças mandatados por cidadãos estrangeiros estão envolvidos nesta prática, que afecta também os caminhos-de-ferro de Benguela e de Moçâmedes. De acordo com Jorge Bengui, secretário de Estado para os transportes terrestres, que falava no encontro, a Polícia Nacional tem estado a desenvolver, nos últimos meses, trabalhos de prevenção e combate à vandalização das infra-estruturas ferroviárias.
Na ocasião, aproveitou também para anunciar a reabilitação, nesta legislatura, do troço ferroviário entre o Zenza e Cacuso. Trata-se de uma extensão de 215 quilómetros, que não tinha sido intervencionada de forma adequada nos últimos 100 anos, de acordo com Manuel João Lourenço.
No encontro foi também reiterado o plano do governo de interconexão dos caminhos-de-ferro de Benguela e de Luanda, através da ligação de Malanje ao Saurimo e de Saurimo ao Luena, sendo que será o primeiro passo para a concretização deste objectivo.