Ana Margarida, nome fictício, vendedora do mercado dos chineses e que comercializava no mercado da Estalagem Km12-A, contou à nossa reportagem que os fiscais têm atrapalhado bastante o trabalho do governo provincial, cobrando dinheiro às vendedoras e estimulando-as a manterem-se no local.

"Eles escolhem uma vendedora que é da intimidade deles para fazer os esquemas da venda. A vendedora cobra das suas colegas 500 ou 1000 kz/dia para continuarem vender ali. Isso é todos os dias... Eu já ouvi um fiscal falar que "cabrito come onde está amarrado" ", afirmou a comerciante, que adiantou ainda que suas colegas são teimosas, mas naquele local não há segurança ou saneamento básico em condições, o que é um perigo para a saúde.

Ana Margarida, que vende roupas e calçados nas ruas de Luanda há nove anos, contou à reportagem do Expansão que sempre foi vítima dos fiscais, ou seja, dava dinheiro aos homens da fiscalização para que não levassem seus produtos. "Agora é diferente, porque estou a vender em um local seguro e protegido", disse a vendedora.

Tal como Ana Margarida, várias mulheres recorrem ao esquema dos fiscais, que tem sido a cobrança de dinheiro as comerciantes de forma ilícita, para proteger o seu "pão de cada dia". Por medo de perderem seus produtos e por não saberem onde se queixar, preferem calar-se diante das irregularidades praticadas por estes homens.

O Expansão esteve no local e confirmou que os fiscais permitem, de maneira irregular, a venda de produtos no mercado da Estalagem Km12-A. De acordo com alguns moradores, os comerciantes têm utilizado este esquema para se manterem a vender no local. Esta situação tem gera preocupação dos munícipes, que questionam a integridade do processo de fiscalização.

O director municipal de Fiscalização e Inspecção das Actividades Económica e Segurança Alimentar do município de Viana, João Augusto, disse que desconhece tal situação e que vai investigar, mas promete entregar os fiscais que estiverem envolvidos nesta posição às autoridades para serem responsabilizados de seus actos.

"Estamos comprometidos em garantir que todos os comerciantes sigam as normas e regulamentos. Qualquer denúncia de irregularidade será investigada e, se comprovada, tomaremos as medidas necessárias", declarou João Augusto. Os comerciantes afirmam que os fiscais exigem pagamentos adicionais em troca da permissão para vender no mercado, prática que tem gerado um ambiente de corrupção e desconfiança.

Para retirar as vendedoras do mercado, a administração de Viana disponibilizou 40 homens da fiscalização para manterem o local protegido sem venda. Infelizmente, não é isso que acontece no local. Há mais vendedoras do que fiscais, as comerciantes continuam a vender com tranquilidade todos dias, desde que paguem aos fiscais.