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Angola

Mercado de arrendamento esbarra na falta de protecção dos proprietários

FALTA REGULAÇÃO PARA O SECTOR

O desenvolvimento do mercado de arrendamento, sobretudo o social, esbarra na ausência de condições que protejam os investidores, numa altura em que a procura aumenta, com o sector sem capacidade de resposta devido ao desaceleramento na construção de novos imóveis em Luanda.

A falta de políticas que protejam o investidor condiciona o desenvolvimento do mercado de arrendamento habitacional, sobretudo em Luanda, que deveria servir de alternativa para a escassez de habitação, defendem especialistas. "A população vai estar cada vez mais apertada e isso vai incidir no índice inflaccionário e as pessoas vão ser empurradas para fora da cidade, para imóveis mais baratos. Poderia haver aqui uma política para o arrendamento social. O Estado poderia criar condições para dinamizar o mercado de arrendamento de casas sociais com políticas que protegessem os investidores, no caso de incumprimento dos inquilinos", considera Cleber Corrêa, da Associação dos Profissionais Imobiliários de Angola (APIMA).

Para este profissional imobiliário, as condições passariam por mecanismos que permitissem a rápida resolução dos casos de incumprimento. Ou seja, alguma garantia para que o investidor se sinta confiante em aposta no arrendamento e não olhar essencialmente para a venda e, assim, acudir à franja da sociedade que não consegue comprar e pela via do arrendamento minimizava a sua carência de habitação.

"As garantias que os investidores precisam para investir em imóveis para arrendar poderiam passar, por exemplo, por assegurar o pagamento do valor da renda por um período de tempo que permitisse a resolução de incumprimentos até que o inquilino abandonasse o imóvel e este ficasse outra vez disponível para entrar no circuito de arrendamento", explicou.

Para além do arrendamento, outra saída para acudir quem precisa de habitação seria a construção dirigida. Mas aqui o Estado teria de apostar na disponibilização de terrenos infraestruturados a preços que os cidadãos possam pagar. "Deve haver um esforço muito grande do Executivo para infraestruturar terrenos. E isso tem de ser um processo para, no mínimo, 10 anos. Estes terrenos devem ser vendidos ao preço do metro quadrado que foi vendido por exemplo no Camama, em 2004. E não a preços que estão a ser anunciados que não podem ser pagos por quem precisa" avançou Cleber.

A carência de imóveis não afecta apenas a classe trabalhadora com menos rendimentos. O aumento da procura também se verifica nos segmentos mais acima, que desde Janeiro do ano passado vêm aumentando, inclusive no mercado de escritórios. Mas a situação económica do País condicionou o surgimento de novas construções, de acordo com o nosso interlocutor. "Com o aumento da inflação, o custo do crédito subiu. Com isso, os compradores e construtores reduziram. Não se vê quase nenhum prédio novo no centro da cidade ou no Talatona. Isso tem influência no preço", explicou.

"Antevejo que, a partir do final de 2024, os preços dos arrendamentos aumentem. Hoje, os preços variam entre 25 a 35 USD o metro quadrado para escritório e, no caso de habitação, podemos dividir por quarto e falar em torno de 250 a 350 mil kz. Isto no segmento fora do social", concluiu Cleber Corrêa, da APIMA.

No segmento social, o arrendamento rege-se por outros padrões que passam pela negociação informal entre proprietários, angariadores e clientes, segundo o agente imobiliário Nelson Bartolomeu. "Os preços variam e, às vezes, tem muito a ver com a comissão que é paga ao angariador. Hoje, há muitos jovens à procura de casas para arrendar, mas a dificuldade está nos preços. Porque muitos não têm condições para pagar. Até nas centralidades as casas já começam a demorar um pouco mais para serem arrendadas. Estou a falar de preços que vão dos 60 a 100 mil Kz mês para um apartamento de 2 ou 3 quartos. No centro da cidade são mais caros", disse.

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