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Angola

Operadores de autocarros a operar a 31% pedem apoio emergencial de 8 mil milhões Kz

TRANSPORTES PÚBLICOS

O que já era precário nos transportes públicos, está pior com o fim da subsidiação à tarifa e a subida dos combustíveis. Há negociações à mesa, mas o modelo de compra dos veículos pelos operadores coloca-os numa saia justa.

Com a retirada dos subsídios aos transportes públicos colectivos urbanos de passageiros, ou seja, autocarros públicos, e o aumento do preço dos combustíveis, as empresas entraram num ciclo de decadência nos últimos 2 anos. Isso significa uma diminuição na oferta de transportes públicos em 69%, para uma média de 275 autocarros diários, já que existem 879 autocarros distribuídos às operadoras em Luanda, calculou o Expansão com base nos dados da Associação Nacional das Empresas de Transporte Rodoviário de Passageiros (Transcol).

A situação dos autocarros públicos, que tem "fama" de precariedade nos serviços, está pior do que já era. Segundo, Hilário Carneiro, presidente da Transcol, há um ano que a oferta de autocarros vem caindo consideravelmente, com a retirada dos subsídios que eram pagos às operadoras (até Maio de 2024) e com as sucessivas subidas do combustível. "Antes de Maio de 2024 operávamos, em média, com 500 autocarros, hoje temos 200 a 300 por dia.

O Governo retirou os subsídios ao preço e passámos a cobrar 150 Kz, o que tem afugentado os passageiros, visto que é um preço muito próximo ao praticado por táxis ocasionais [azul e branco]. Por outro lado, o combustível aumentou, o que fez subir consideravelmente a nossa estrutura de custos", explicou ao Expansão.

Para contrapor a situação, a Transcol pediu um apoio "emergencial" de 8 mil milhões Kz à Agência Nacional dos Transportes Terrestres (ANTT), enquanto se discute possíveis alterações à tarifa dos autocarros, segundo Hilário Carneiro.

Este valor foi calculado com base nas perdas que as operadoras tiveram principalmente em 2024, altura em que os subsídios ao preço dos transportes foram retirados, passando directamente para passageiros elegíveis, como acontece actualmente aos estudantes no âmbito dos cartões Giramais. Em termos práticos, mesmo quando havia subsídios ao preço dos transportes ou os combustíveis a preço mais baixo, as operadoras já revelavam incapacidade de colocar os 879 autocarros em circulação, o que reflecte um problema maior. Embora, a tarifa esteja em negociação, parece difícil haver uma alteração imediata.

"A subida da tarifa não vai resolver o problema, aliás, vai afundar ainda mais a situação das operadoras, já que há serviços relativamente melhor do que os prestados por autocarros públicos, no caso os candongueiros, que praticam quase o mesmo preço", explica um especialista em transportes que solicitou anonimato.

O especialista acrescenta que o Governo é quase "inflexível quanto à tarifa dos transportes públicos devido ao modelo de aquisição de autocarros e à própria gestão das frotas, que parece ser um acordo de cavalheiros. Os operadores não têm activos próprios, os autocarros são "oferecidos" pelo Governo, que depois não sabemos se pagam mesmo, o que depois se reflecte na gestão estes activos".

O Governo tem estado a comprar autocarros, que são distribuídos pelas províncias e estas, por sua vez, atribuem às operadoras, que pagam um valor mensal até amortizar a compra do autocarro.

Nos últimos 6 anos foram distribuídos perto de 2 mil autocarros. Este modelo deixa as operadoras com poucas margens de negociação, visto que há histórico de falhas recorrentes no pagamento das prestações e incumprimento dos contratos, apesar de Hilário Carneiro afirmar que, mesmo com a situação difícil, os pagamentos têm sido feitos.

Recorde-se que em 2024 esteve em cima da mesa da ANTT um pedido de perdão de dívida de centenas de autocarros distribuídos em várias províncias para a mobilidade urbana. A Transcol justificava com a forte desvalorização cambial, daquele ano.

Leia o artigo integral na edição 826 do Expansão, de Sexta-feira, dia 16 de Maio de 2025, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

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