Saltar para conteúdo da página

Logo Jornal EXPANSÃO

EXPANSÃO - Página Inicial

Angola

Primeira Eco-Escola de Angola paga-se com a valorização do lixo

FUNCIONA NO BAIRRO DO CATINTON

Os alunos pagam as propinas em lixo, que a escola vende para reciclagem, conseguindo assim as verbas para o seu funcionamento. Este é um caso extraordinário de valorização dos resíduos sólidos, provando que uma boa consciência ambiental e vontade de inovar, podem transformar um dos maiores problemas da cidade de Luanda, numa alavanca para o desenvolvimento social

A Eco-Escola é um modelo adoptado pelo Jobab-Projectos Sociais, desenvolvido por JD Brás. Já reúne perto de 150 alunos fruto da iniciativa de um grupo de jovens moradores do bairro Catinton, que, ao verem muitas crianças a brincar na rua, em horário normal escolar, questionaram e perceberam que os pais não tinham como pagar a educação dos filhos, desde logo a inscrição, mas também as outras despesas escolares.

Então a Jobab, através do seu mentor JD Brás, começou por dar-lhes explicações, ao mesmo tempo que recolhiam resíduos nos contentores e residências para perceberem que o lixo tinha valor. Em seguida, surgiu a ideia de cobrar lixo para o acesso à escola. Uma ideia que parecia "disparatada", mas que foi amadurecida pelos envolvidos, e hoje funciona. Tudo reconhecido pelo Ministério da Educação, estando na secção das Escolas Comunitárias.

"Percebemos que a partir do lixo podemos resolver os problemas de educação, saneamento básico, fome, desemprego", referiu JD Brás. Isto mesmo. Os pais passaram a levar o lixo para a escola de forma a garantir a permanência do seus filhos no ano académico, onde além das ciências aprendem formas de cuidar do meio ambiente, reutilizar material e noções básicas de língua inglesa desde a iniciação à 6ª classe. "O meu filho está a estudar a 2ª classe, graças a este projecto. Deus abençoe", disse Cristina Madalena, mão de um aluno.

A Jobab recolhe, sobretudo os PET"s e papelões em todo bairro. Depois de recolhido, o material é levado para os dois estaleiros, onde é feita a separação por grupos, no caso do papelão e dos PET"s, onde as tampas são separadas das garrafas e também por cor, e depois levadas aos operadores com quem trabalham. E por falar em operadores, JD Brás contou que já trabalham directamente com algumas fábricas. "Não temos muitas razões de queixa nesta questão", referiu.

A valorização do lixo garante que o projecto possa desenvolver-se, cria uma geração de jovens com espírito empreendedor e consciência ambiental, desenvolve bons hábitos na população e traz maior qualidade de vida aos habitantes do bairro. O bairro está mais limpo, as crianças estão a aprender e as famílias têm mais rendimentos.

(Leia o artigo integral na edição 688 do Expansão, de sexta-feira, dia 19 de Agosto de 2022, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

Logo Jornal EXPANSÃO Newsletter gratuita
Edição da Semana

Receba diariamente por email as principais notícias de Angola e do Mundo