Vendas de carros novos "afundam" quase 40% em Abril
Dados da ACETRO indicam que número de veículos novos comercializados baixou 36,4% em Abril, face ao mesmo mês de 2014. A manter-se este ritmo, vendas poderão atingir mínimos desde, pelos menos, 2012. Subida do preço dos combustíveis não afecta vendas, mas pode ditar mudanças nas escolhas dos clientes.
As vendas de veículos novos caíram 36,4% em Abril deste ano face ao mesmo mês do ano passado, revelam dados da Associação dos Concessionários de Equipamentos de Transportes Rodoviários (ACETRO).
Até ao final desse mês, segundo as estatísticas da entidade, a que o Expansão teve acesso, foram comercializadas cerca de 9.500 viaturas. Se se mantiver este ritmo, as vendas, no final do ano, não chegarão às 30 mil unidades, um mínimo desde, pelo menos, 2012.
A quebra homóloga registada em Abril é a segunda maior do ano. Em Março, as vendas tinham recuado 37,3%, face ao mesmo mês do ano passado, em Fevereiro tinham caído 23,1% e, em Janeiro, tinham baixado 27,9%.
As quebras surgem num ano em que o País atravessa uma forte crise económica e financeira, causada pela redução acentuada dos preços do petróleo, com impacto no PIB e na entrada de divisas, que, por seu turno, afecta a capacidade de importação.
O aumento das taxas de importação na Nova Pauta Aduaneira, em vigor desde Maio do ano passado, também agravou os preços dos automóveis, com impacto nas vendas. A quebra vem inverter um ciclo de subidas que se vinha sentindo desde, pelo menos, 2012.
Nesse ano, as vendas tinham aumentado 32%, para um total de 30.500 viaturas. No ano seguinte, foram vendidos quase 33 mil veículos, um aumento mais 'tímido', de 8%. Em 2014, face a 2013, as vendas 'dispararam' 36%, para cerca de 44.500 veículos.
Aumento dos combustíveis sem impacto nas vendas
Já o aumento dos preços dos preços dos combustíveis, pelo contrário, não deverá, pelo menos até agora, ter afectado as vendas, afirma o presidente da ACETRO. "Não verificámos qualquer impacto por essa razão", diz Nuno Borges da Silva ao Expansão. Ainda assim, admite, é possível que os consumidores passem a olhar para o 'factor consumo' com outros olhos. "É verdade que, se até aqui os clientes não analisavam o factor consumo de combustível quando adquiriam uma viatura, a partir de agora esse elemento poderá passar a ter um peso maior na decisão", diz.
Em Angola, apenas cerca de 11% dos veículos novos vendidos em 2014 tinham motores a gasolina, e este perfil também não deverá alterar- se, quer pelo facto de o gasóleo ser mais barato, quer, sobretudo, pelo perfil da procura, explica. "A procura por viaturas a diesel já se vinha acentuando nos últimos dois ou três anos, principalmente nos utilitários em geral e 4X4, mas, face ao maior aumento do preço da gasolina do que diesel, a expectativa é que as vendas de viaturas a gasolina neste segmentos seja ainda menores.Nos pequenos turismo, o impacto será muito pequeno, uma vez que a oferta é basicamente de motores a gasolina", diz Nuno Borges.
"O mercado está muito definido no que se refere a combustíveis, sendo que a principal procura para 4X4 e SUV são os de motores a diesel e para ligeiros os de motores a gasolina. Esta estrutura não será alterada significativamente", reforça. Nos primeiros quatro meses do ano, a Toyota foi o concessionário que mais viaturas vendeu, seguido da Lusolanda e Cosal. O top 5 é ainda integrado pela Angolauto e pela ImporÁfrica. No ano passado as vendas foram lideradas pela Cosal, seguida da Lusolanda e Toyota.