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Angola

Estabilização cambial ainda não se reflete na cesta básica e preços aumentam até 50% no formal e no informal

CESTA BÁSICA

Há um mês que se verifica estabilidade na variação cambial, o que causou uma expectativa de estagnação nos preços, que não se verificou, pois estamos ainda presente um cenário de aumento de preços. Na última semana, a caixa de coxa de frango, e o peixe carapau ficaram mais baratos.

Numa ronda feita pelo Expansão, no dia 21 de Agosto, em alguns mercados formais e informais da cidade de Luanda, constatou-se que os preços de alguns dos principais produtos da cesta básica registaram aumentos de até 50% nos últimos 28 dias, registando-se na última semana uma diminuição no preço de alguns bens alimentares, como a caixa de coxa de frango e a caixa de peixe carapau.

O aumento dos preços tem sido verificado há alguns meses e acompanha a desvalorização da moeda nacional. No entanto, faz um mês que se verifica uma certa estabilidade na variação cambial, o que causou também uma expectativa de estagnação nos preços dos produtos alimentares, que não se verificou, uma vez que está ainda presente um cenário de aumento de preços.

O director do Centro de Investigação Económica da Universidade Lusíada de Angola (CINVESTEC) acredita que este cenário pode ter a ver com o facto de os empresários terem mantido alguns preços do que já tinham em stock. Heitor Carvalho é de opinião que só quando o movimento de ajuste terminar ou alcançar valores superiores à subida do USD é que se poderá falar de outras causas. "Mas pelo que se sabe estão a condicionar a importação de muitos produtos, o que provocará escassez que é outra causa de inflação. Para já, temos de ir vendo como evolui o mercado".

O levantamento dos preços pelo Expansão foi feito com base em 19 produtos colhidos no mercado informal (Asa Branca e Catinton) e 18 no mercado formal, nomeadamente Kero, Candando e Maxi. A seleção teve como base os alimentos mais consumidos pelas famílias angolanas.

Desde a última recolha feita no mercado informal, a 24 de Julho, apesar dos aumentos verificados nos preços de alguns produtos, como o tomate, arroz, óleo, vinagre e ovos, que são os que verificaram as maiores variações, existem alguns que se mantiveram estagnados, como a farinha de trigo e a farinha musseque. No outro extremo, a caixa de coxa de frango, e o peixe carapau ficaram mais baratos.

Já no mercado formal, nos produtos selecionados, nenhum reduziu o preço, mas a caixa de coxa e o feijão não registaram aumentos. De todos, o preço do azeite foi o que mais aumentou.

Cálculos do Expansão indicam que desde 11 de Maio e finais de Julho, o Kwanza caiu 38,4% face ao dólar e verificou-se também a subida do preço da gasolina (a 2 de Junho). Ainda assim, segundo as nossas contas, com base no índice de preços do INE, os preços ao consumidor a nível nacional apenas aumentaram 3% entre Maio e Julho, quando há casos de bens básicos que duplicaram e até triplicaram de preço no mesmo período.

A realidade das famílias

Dona Bernarda aponta de imediato o salário que não aumentou nos últimos meses, diferente dos preços dos alimentos. Com 40 mil Kz, disse em entrevista ao Expansão, o seu poder de compra reduziu significativamente, pois depois de comprar um saco de arroz de 20 mil Kz e uma caixa de coxa de 10Kg (12.800 no mercado do Catinton), fica com 8 mil Kz, que não sabe se fica para o óleo, a cebola ou sal. "Já não tenho condições de pagar a televisão, vai tudo para comida", desabafou.

A dona de casa e mãe solteira relata que começa a ver-se obrigada a optar apenas pelo funge, porque o saco de fuba é mais acessível. A mulher sente-se de mãos atadas e teme pela sobrevivência dos filhos. Já Lucinda Domingos, que faz habitualmente as suas compras no mercado informal, relata que os preços estão demasiado altos para produtos tão básicos como a cebola, o tomate e o alho. Ressalta que hoje com 50 kwanzas não dá para comprar nem um tempero. Ao seu lado, Olaria Fula diz que o cenário é cada vez mais difícil e até para quem não é dona de casa sente os efeitos das dificuldades. "A percepção que tenho é que a cada dia a situação vai-se agravando".

Leia o artigo integral na edição 739 do Expansão, de sexta-feira, dia 25 de Agosto de 2023, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

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