A Fazenda Pérola do Kikuxi, no município de Viana, Luanda, está a produzir cerca de 600 mil ovos por dia e não deverá atingir a meta de 1 milhão que estava prevista até Dezembro deste ano, admite a administradora Elisabete Dias dos Santos.

Segundo a gestora, a crise económica é a principal responsável pelo não cumprimento da meta estabelecida. Ao Expansão, a responsável explicou que a empresa pretende chegar até ao primeiro semestre do próximo ano com uma produção diária de 800 mil ovos, estando ainda previsto entrar na indústria de derivados, com destaque para o fabrico de ovo em pó e líquido, e maionese.

Elisabete Dias dos Santos lembrou que, apesar dos constrangimentos que a economia atravessa, a fazenda tem vindo a fazer um grande esforço, tendo em conta o seu objectivo, que passa pelo crescimento e a solidificação da actividade que desenvolve há 18 anos.

"O custo do ovo tem todas as dificuldades que os outros produtores também têm. Temos vindo a fazer uma série de esforços no sentido de continuar esta actividade", referiu, acrescentando que a fazenda tem desenvolvido um projecto integrado e trabalha com o objectivo de aumentar os níveis de produção e contribuir para diversificação da economia nacional.

"As crises sempre existiram e é nestas alturas que o empresariado nacional tem de dar resposta às dificuldades que o País enfrenta", defendeu. "A unidade fabril constitui um grande incentivo à produção de ovos e frangos, que para nós é um grande impulso ao sector aviário", sublinhou.

Segundo a responsável, as perspectivas da fazenda são de crescimento, de modo a contribuir para a redução das importações e para a internacionalização dos produtos nacionais. A gestora enalteceu a rede de distribuição nacional, que permite que o produto chegue a vários pontos do País.

"Os nossos produtos são distribuídos em todas as localidades de Angola. Se cada um conseguir fazer a sua parte, o País começa, naturalmente, a ganhar uma serie de infra-estrutura de apoio às grandes cidades", sublinhou.

Actualmente, a Fazenda Pérola do Kikuxi tem oito naves, das quais três com galinhas de postura a produzir ovos diariamente, e ainda uma área de frangos - a única em produção no País, afirmou.

A fábrica tem capacidade de abate de 2,5 mil aves por hora, revelou a gestora, que reconheceu estar abaixo da capacidade instalada. "O frango fresco é um produto que requer alguns cuidados a nível de refrigeração e da distribuição, por isso optámos por fazer uma produção pessimista", enfatizou.

A administradora defendeu que produtores nacionais e Governo devem criar um plano estratégico da actividade, para que a importação de ovos seja feita com "rigor, qualidade e pontualidade salvaguardando sempre a saúde pública". Responder às necessidades locais "com produtos de má qualidade não é a solução", defendeu.

Questionada sobre o peso que os ovos têm no volume de facturação da empresa, a administradora recusou indicar valores, sublinhando que o mais importante são "as condições de produção, do mercado e do consumidor".

A Fazenda Pérola do Kikuxi tem 490 funcionários directos, dos quais 90% são angolanos. Segundo a gestora, os profissionais expatriados têm a responsabilidade de transmitir conhecimentos aos trabalhadores nacionais, no sentido de estes virem a liderar o projecto. "Temos trabalhadores que começaram na enxada e, actualmente, já falam de informática", exemplificou.

"É essa transição de conhecimento que queremos, porque não nos podemos agarrar as estruturas em que o conhecimento está confinado a uma única pessoa, sob pena de as infra-estruturas falirem", concluiu.