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Angola

Petrolíferas africanas assumem compromisso de olhar para o conteúdo local

8º CONGRESSO E EXPOSIÇÃO DE PETRÓLEO AFRICANO

Pela primeira vez as petrolíferas africanas reuniram-se para debater as oportunidades geradas pela recente guerra da Ucrânia, a capacidade de fornecer o gás e o petróleo que a Europa precisa, e a necessidade de utilizar as capacidades existentes em África que estão subtilizadas.

"Nós africanos somos inteligentes, mas temos de ser ousados. Temos também que deixar de ter ego grande, temos que confiar e acreditar em nós próprios, africanos", desafiou o ministro Diamantino de Azevedo nas vestes de presidente da Organização Africana dos Países Produtores de Petróleo (APPO) no 8.º Congresso e Exposição de Petróleo Africano, que reforçou: "Temos que acreditar em nós. Se a tecnologia vem de fora é boa e é aceite, se for de África já não é boa e não é aceite, aí não vamos culpar ninguém, apenas nós próprios".

Este desafio foi acompanhado por uma mensagem de que é necessário "mais trabalho e menos lamentações", que "existem capacidades em Angola e devem existir em outros países". Para a organização, Diamantino de Azevedo deixou o recado: "Acima de tudo vamos andar pelos nossos países, vamos visitar o que cada País tem, fazer acordos, trabalhar em conjunto. É preciso agirmos desta forma".

Falar de conteúdo local em África é perceber as condições de o continente dispõe para produzir e processar 125 biliões de barris de petróleo e 500 triliões de pés cúbicos de gás em reservas confirmadas, sem tecnologia e apoio financeiro externo, ocidental ou asiático. Ou pelo menos com uma taxa significativa de meios e pessoas africanas. Os grandes produtores africanos continuam a ter relações privilegiadas com as petrolíferas americanas, europeias ou asiáticas, mas falam muito com as petrolíferas de outros países do continente.

Babafemi Oyewole, CEO da Energy Synergy Partners, referiu que o conteúdo local constitui um desafio para todos os países africanos, apelando ao desenvolvimento do mercado regional para os serviços do petróleo e gás. " É importante que se crie um mercado regional, onde podemos conduzir e confirmar que os serviços do conteúdo local sejam consumidos", defendeu. Lembrou também que é necessário tirar também o máximo proveito nas novas iniciativas da Zona do Comércio Livre Continental Africana (ZCLCA). A questão do financiamento do sector na sua globalidade foi também muito discutida, pois todos estão conscientes que sem cumprir as metas da transição energética que são emanadas pelas grandes multinacionais, os investimentos externos poderão "desaparecer".

Simbi Wabote, secretário executivo do Conselho de Desenvolvimento e Monitoramento de Conteúdo da Nigéria, lembrou que em breve os parceiros do sector poderão retirar as tecnologias, recusar-se em comprar os produtos africanos, obrigando os países a terem capacidade para continuarem a caminhar. Por isso o caminho deve começar já hoje.

O primeiro passo concreto foi dado no início deste congresso com a assinatura entre a APPO e o Afreximbank, banco africano com sede no Egipto, de um memorando para a criação de um fundo investimento, até 5 mil milhões USD, para projectos de energia que se estende a todos os países membros. As partes assumiram também que vão proceder à criação do Banco de Energia, dedicado a fornecer fundos para operações da indústria africana de petróleo e gás.

As duas instituições, a APPO, através da AEICORP- Africa Energy Investment Corporation comprometeram-se também a tomar as medidas necessárias para fornecer soluções sustentáveis para o desafio de financiar a indústria de petróleo e gás em África durante a transição energética. Recordar que a A Africa Energy Investment Corporation (AEICORP) é uma Instituição Financeira de Desenvolvimento criada em 26 de Janeiro de 2019 pelos Países Membros da APPO após a reforma do Fundo APPO.