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Angola

Taxistas e Governo ainda sem acordo para o aumento da corrida

ASSOCIAÇÕES APONTAM PARA 300 KZ

Aumento do preço do gasóleo e a retirada dos cartões de gasolina pressionam a subida dos preços dos táxi, mas Executivo defende-se com regulamento.

O braço de ferro entre Governo e associações de taxistas para o aumento do preço da corrida de táxis ganhou dimensão esta semana com o aumento do preço do litro de gasóleo para 200 Kz, contra os 135 Kz anteriores.

Se antes as partes debatiam com base no fim do dos cartões subsidiados que terminam na próxima terça-feira, 30 de Abril, o aumento do preço do gasóleo deu músculo às associações de taxistas que pretendem ver aumentado oficialmente o preço da corrida já a partir do dia 1 de Maio. O Governo defende-se com a "promessa" de que num futuro breve não haverá aumento do preço da gasolina, por isso a estrutura de custos dos taxistas não pode ter um eventual aumento na gasolina, como justificação.

A verdade é que depois de várias reuniões e até ao fecho desta edição (quarta-feira, 24 de Abril), ainda não havia fumo branco nas negociações em que estão envolvidas a Associação Nacional dos Taxistas de Angola (ANATA), Associação dos Taxistas de Angola (ATA), e a Associação dos Taxistas de Luanda (ATL). O Expansão sabe que, uma das propostas apresentada, a ANATA defende um preço na corrida que não ultrapasse os 300 Kz, tendo como base o preço do litro de gasolina. As outras defendem preços idênticos, mas admitem ultrapassar a barreira dos 300 Kz.

No entanto, Ministério das Finanças e o dos Transportes defendem-se com o Decreto Executivo Conjunto n.º 402/14, que regula os procedimentos para a formação da tarifa dos transportes de aluguer colectivo de passageiros por percurso. O documento impõe um conjunto de variáveis além dos preços dos combustíveis como condicionates para a formação dos preços, como por exemplo dias de trabalho por mês, passageiros transportados, margem de lucro...E itens como acessórios utilizados pelas viaturas. Ou seja, os preços são estabelecidos consoante a estrutura de custos muito além dos combustíveis.

E isso tem criado dificuldades às associações na apresentação das suas propostas, devido às fórmulas de cálculo apresentas do documento. "Existem propostas que estão a ser refeitas, por exemplo, porque o Governo não aceitou o preço de algumas peças de desgaste das viaturas. Dizem que têm que ser de lojas oficiais. E nem todas associações apresentaram propostas devido à complexidade da formulação de preço definidas pelo decreto das finanças e dos transportes", explicou Francisco Paciente da ANATA.

O Expansão também apurou que até à data o Governo não apresentou qualquer proposta de preço, preferindo aguardar que as associações avancem, e reagir em função nos valores apresentados, tendo sempre como base os procedimentos para a formação da tarifa dos transportes de aluguer colectivo de passageiros por percurso.

Passageiros pagam mais com rotas curtas

Enquanto não chega oficialmente o aumento do preço da corrida de táxi, os taxistas têm optado por reduzir percursos ao longo das rotas que fazem, cobrando mais aos passageiros. Ou seja, como os percursos ficaram mais curtos, os utentes têm que pagar mais de 150 Kz, em rotas que antes pagavam este valor.

"Desde que a gasolina aumentou, as rotas ficaram mais curtas. Antes no percurso Estalagem -Congolenses, pagava 150 kwanzas. Hoje nesta rota pago 600 kwanzas, porque eles fazem, Estalagem-Bar, Bar- -BCA, BCA - Shoprite e Shoprite-Congolenses", disse um dos muitos passageiros dos "azuis e brancos".

A situação agrava-se quando chove devido aos reduzidos carros na via. "Quando chove a situação é bem pior. As rotas ficam ainda mais curtas. E não é apenas para quem sai de Viana para Luanda", disse Antónia Silva que regularmente utiliza a rota do Rocha Pinto.

Face a estas irregularidades, os passageiros defendem maior fiscalização aos taxistas e já não estranham novos aumentos.

"Para nós não será novidade se aumentarem os preços. Já pagamos mais há muito tempo. Só que ninguém fiscaliza os táxis. Eles fazem o que querem", concluiu Antónia Silva.