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Angola

Polémica no fecho de dois quintalões das Pedrinhas

NOS CONGOLENSES EM LUANDA

Vendedoras dizem que não lhes foi dado um espaço alternativo, GPL diz que não é bem assim. Por enquanto passaram a vender nas ruas à volta do local.

As comerciantes que vendiam nos quintalões das Pedrinhas estão indignadas com o Governo Provincial de Luanda (GPL) por ter fechado o local sem o devido esclarecimento prévio, e por não lhes ter dado um outro lugar para as suas actividades comerciais. Isto levou-as a "mudarem-se" para as ruas subjacentes ao mercado dos Congolenses, aumentando a confusão naquela zona.

"O GPL não podia encerrar o mercado sem nos avisar e sem ter um lugar alternativo para irmos vender. Agora estamos sem lugar para vendermos, temos família para sustentar, a única solução que temos é vender aqui na rua, mesmo sabendo que é errado", afirmou Adelina Pedro, ex-vendedora das Pedrinhas.

Laura Feliciano, outra das vendedoras afectadas, acrescenta que é necessário que "o governo valorize mais" os vendedores, dando-lhes lugares que permitam ganhar a vida de maneira digna, "sem necessidade de dar gasosa aos fiscais".

A porta-voz do programa de reordenamento do comércio, Alcrésia Cavala, desmente a informação das vendedoras e esclarece que foi necessário fazer obras naquela zona, o que levou o GPL a encerrar os dois quintalões. Acrescentou que foram disponibilizados lugares em dois mercados, o Cine Ngola e a Chapada, para as vendedoras, mas "infelizmente, elas preferem vender nas ruas".

O proprietário do quintalão 1, João Soba, afirma que o GPL primeiro encerrou e só depois é que manteve um diálogo com os responsáveis dos quintalões. Confirmou que estes podem reabrir, desde que sejam cumpridas todas as exigências, nomeadamente o cadastramento de todas as vendedoras e a colocação de extintores no local.

Fiscais permitem a venda cobrando 500 a 1000 Kz/dia

As vendedoras do Tunga Ngó, que foram transferidas recentemente para o mercado do Cine Ngola, estão satisfeitas com o espaço que o GPL disponibilizou, mas queixam-se da falta de clientes no interior do mercado e criticam os fiscais por fecharem os olhos à permanência de actividades comerciais desordenadas no exterior do mercado.

Apesar do GPL pôr fim à venda desordenada, através programa de reordenamento do comércio, ainda se vêem muitas vendedoras a comercializar os seus produtos em lugares impróprios, porque alguns homens da fiscalização deixam-se "corromper por 500 a 1000 Kz", disseram ao Expansão ex-vendedoras do mercado do Tunga Ngó, que avisam que sairão para as ruas caso não se resolve a situação. Dizem que os fiscais cobram este valor todos os dias a centenas de vendedoras, toda a gente sabe e ninguém faz nada, e por isso é que a venda desordenada se mantém no exterior dos mercados.

Esta não é uma situação exclusiva do Mercado do Cine Ngola, onde os fiscais fecham os olhos à venda desordenada, impedindo os clientes de chegar ao interior dos mercados. Como o Expansão pode confirmar, acontece o mesmo no mercado das Chapas Vermelhas, no Calemba 2, e no Mercado dos Congolenses.