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África

Ngozi Okonjo-Iwela assume papel activo para mudar OMC

Fazer chegar vacinas a países pobres e ultrapassar proteccionismo nas novas prioridades de nova directora-geral

A Organização Mundial do Comércio (OMC) deve promover o acesso dos países pobres às vacinas da Covid-19, defendeu Ngozi Okonjo-Iwela esta terça-feira.

A ex-ministra das Finanças nigeriana e a primeira mulher a liderar a OMC assumiu como compromisso pôr a organização a lutar por uma distribuição igualitária das vacinas e contrariar a vaga de proteccionismo, que se agravou durante a pandemia, para que o comércio livre ajude na recuperação económica.

Em entrevista à agência de notícias France-Presse, realizada um dia depois de ser eleita como directora-geral da OMC, Okonjo-Iwela afirmou que a organização é "demasiado importante para estar atrasada, paralisada e moribunda" e que deve regressar ao objectivo de melhorar o nível de vida das pessoas. "Creio que a OMC pode contribuir mais para a resolução da pandemia da Covid-19, ajudando a melhorar o acesso às vacinas por parte dos países mais pobres", frisou a mulher que presidiu à Aliança Global para as Vacinas (GAVI) durante o ano de 2020, ao estabelecer as prioridades do seu mandato de quatro anos à frente da Organização Mundial de Comércio, que começa no dia 1 de Março.

A vacinação contra a Covid-19 surge no topo das prioridades. A economista, que foi enviada especial da União Africana durante a presidência rotativa de Cyril Ramaphosa para angariar apoio financeiro internacional na luta contra a Covid-19, quer assegurar que as vacinas sejam produzidas e distribuídas em todo o mundo, não apenas nos países mais ricos.

Alguns países, como África do Sul e Índia, têm pressionado por uma suspensão das regras comerciais sobre patentes e por uma isenção dos direitos de propriedade intelectual sobre as vacinas contra a Covid-19, de forma a torná-las mais acessíveis, e permitir uma imunização global mais rápida, que "é do interesse de todos os países", destacou Ngozi Okonjo-Iwela à APF.

"Em vez de perdermos tempo a discutir sobre o assunto, devemos olhar para o que o sector privado está a fazer", defendeu a recém-eleita directora-geral da OMC, olhando para o acordo de licenciamento que a AstraZeneca fez com o laboratório Serum para a produção de vacinas na Índia e que deve ser replicado por outras farmacêuticas.

"O sector privado já procurou uma solução, porque quer fazer parte no esforço de alcançar os países e as pessoas pobres", sublinhou a economista treinada pelo MIT, evidenciando que a OMC quer trabalhar para evitar a tendência de restrições à exportação de dispositivos médicos e terapêuticos, bem como a
possibilidade de restrições no acesso às vacinas.

(Leia o artigo integral na edição 612 do Expansão, de sexta-feira, dia 19 de Fevereiro de 2021, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)