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Empresas & Mercados

Sonangol com "dignidade suficiente" para estar sozinha na Galp sem ligação a Isabel dos Santos

Presidente da petrolífera apresentou resultados de 2020 no 45º aniversário da empresa

O presidente da Sonangol disse hoje que a empresa tem dignidade suficiente para aparecer sozinha e que não precisa de aparecer associada a outras empresas.

Sebastião Gaspar Martins reafirmava com este argumento a vontade da petrolífera em passar a accionista independente na Galp, sendo que actualmente o é integrada na holding Esperaza, com Isabel dos Santos, cenário que tem vindo a ser falado com a Amorim Energia.

No 45º aniversário da petrolífera estatal, o presidente da empresa apareceu hoje, em duas frentes, numa entrevista ao jornal português "Económico" e em conferência de imprensa, no final da apresentação dos resultados relativos a 2020, em Luanda.

"Como Sonangol, nós somos uma empresa que tem dignidade suficiente para aparecer sozinha, não precisa de aparecer associada a empresas que, possivelmente, não têm o mesmo calibre", disse Sebastião Gaspar Martins, no momento da apresentação dos resultados da empresa em 2020.

A posição da Sonangol na Amorim Energia não é directa, mas sim através da Esperaza Holding, detida em 60% pela Sonangol e os restantes 40% pertencem à Exem, controlada por Sindika Dokolo, marido de Isabel dos Santos, entretanto falecido.

Esta "joint venture" detém 45% da Amorim Energia que, por sua vez, é accionista da Galp, com 33,34% dos direitos de voto.

Era por via da Sonangol que a Exem Energy tinha uma participação indirecta de 6% na empresa portuguesa de energia Galp e é com esta participação que a Sonangol quer ficar. Para tal, a petrolífera recorreu ao tribunal arbitral holandês, de acordo com notícia da Reuters, que avança que a decisão final do caso deverá ocorrer em Maio.

A participação em torno dos 6% de capital social da Galp valerá, aos preços atuais, cerca de 500 milhões de euros.

A Reuters refere que os advogados da Sonangol consideram que a aquisição da participação na Galp não fazia sentido em termos de racional de negócio. Emmanuel Gaillard, do escritório de advogados Shearman & Sterling, afirmou à agência que o mesmo foi feito por "corrupção", apontando para branqueamento de capitais e apropriação indevida.

Sebastião Gaspar Martins considera que "a Sonangol pretende continuar a defender os seus interesses", que pode passar por uma participação independente na Galp, podendo "haver ou não separação", referindo que "é algo que temos de discutir com o nosso parceiro Amorim Energia", com o qual a Sonangol vai continuar, para já, a defender os seus interesses na Galp, não descartando a hipótese de um reforço "se surgir oportunidade".

O presidente da petrolífera anunciou que a empresa tem actualmente "uma direcção de estratégia e gestão de portefólio que avalia o investimento em termos do equilíbrio de toda a empresa e verifica se a adição deste interesse participativo é, ou não, vantajoso. Se a recomendação for sim, adiciona valor, nós seguimos e vemos as formas de aumentar esse investimento", adiantando que a empresa caminha na direcção de uma entidade de energia e dos biocombustíveis, sem abandonar os investimentos no petróleo e gás, "que é a maior fonte de receitas", disse.

Em relação à primeira, já tem identificados dois projetos de energia solar, com as centrais fotovoltaicas no Namibe e na Huíla, em parceria com a Eni e a Total, tendo Martins Pereira anunciado que estão a "identificar outros e, em função da viabilidade e dos benefícios, vamos decidir se prosseguimos".

Nos biocombustíveis, a BP terá já manifestado interesse.