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Empresas & Mercados

Dados sobre a dívida de Angola já estão a ser enviados aos credores privados

Instituto Financeiro Internacional passou a incluir o País nas análises

A economia de Angola passou a fazer parte dos relatórios que o Instituto Financeiro Internacional (IFI) faz aos Mercados de Fronteira e envia aos seus clientes privados, que têm um papel fundamental na resolução da crise da dívida das economias mais vulneráveis, entre as quais se contam algumas dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP).

O IFI, que representa os credores privados, aumentou de 30 para 42 os países analisados, incluindo os 22 países elegíveis para o Enquadramento Comum para o tratamento da dívida para além da Iniciativa para a Suspensão do Serviço da Dívida (DSSI) e também os que emitiram dívida soberana em moeda estrangeira (Eurobonds).

A primeira análise aos Mercados de Fronteira, que já inclui Angola, refere que "mais de 190 mil milhões de dólares em títulos de dívida dos mercados de fronteira vão atingir a maturidade durante este ano, dos quais 35% são em moeda estrangeira, e em 2022 os pagamentos finais deverão aumentar para 200 mil milhões de dólares, com Angola, Nigéria e Paquistão a enfrentarem largos pagamentos antes do final de 2021", noticia a Lusa que teve acesso ao documento.

O IFI considera que na última década a transparência dos dados nos mercados emergentes e a relação com os investidores melhorou, mas acrescenta que "a ausência de transparência sobre o nível e a composição da dívida pública e privada pode fazer os investidores serem cépticos, ao passo que a ausência de uma base de dados abrangente sobre a dívida continua a ser um obstáculo para os decisores políticos quando procuram identificar os riscos" refere o documento.

Os Mercados de Fronteira são mercados emergentes subdesenvolvidos em países com economias atrasadas em relação ao mundo industrializado, mas com potencial para desenvolvimento futuro. Ou seja, é uma espécie de subgrupo dentro do grupo maior de mercados emergentes.

A Iniciativa para a Suspensão do Serviço da Dívida (DSSI) lançada pelo G20 em Abril do ano passado garantia uma moratória sobre os pagamentos da dívida dos países mais endividados aos países mais desenvolvidos e às instituições financeiras multilaterais, com um prazo inicial até Dezembro de 2020, foi depois prolongado até Junho deste ano, sendo que vários observadores defendem que deve voltar a ser alargada até 2022.

A DSSI é diferente do Enquadramento Comum, pelo facto de apenas sugerir aos países que procurassem um alívio da dívida junto do sector privado, ao passo que o Enquadramento Comum, aprovado pelo G20 em Novembro, obriga à abordagem dos credores privados, trazendo todos os agentes da dívida para o terreno, incluindo os bancos privados e públicos chineses, que se tornaram nos maiores credores dos governos em vias de desenvolvimento, nomeadamente os africanos.

Até agora apenas pediram para aderir ao Enquadramento o Chade, a Etiópia e a Zâmbia.