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África

Dívida, pandemia e relançamento das economias reúnem líderes africanos na Cimeira de Paris

Reunião magna esta terça-feira com Presidente da República francês

O Presidente da República, João Lourenço, está entre os líderes africanos e europeus e organizações financeiras internacionais que esta terça-feira reúne com o chefe de Estado francês, Emmanuel Macron, que no âmbito da Cimeira sobre o Financiamento das Economias Africanas, vai analisar as medidas de apoio ao continente africano, para superar o choque da pandemia da Covid-19.

Fonte do Eliseu disse na abertura da cimeira que o evento vai aprofundar duas linhas de ajuda, uma para "a criação de um pacote massivo de apoio para o continente africano, para superar o choque da pandemia" e outra para "lançar as bases para um novo ciclo de crescimento que beneficiará os povos africanos, mas que pode ser também um motor de crescimento para toda a economia mundial".

Emmanuel Macron anunciou ontem, segunda-feira, véspera da abertura da cimeira, o perdão francês de mais de 4 mil milhões de euros ao Sudão, após os líderes africanos terem divulgado um pedido de ajuda internacional através do Finantial Times e do Jeune Afrique, no dia 15 de abril de 2020, dadas as dificuldades causadas pelo impacto da pandemia na saúde e nas economias.

A cimeira acolhe dezenas de presidentes de nações africanas, entre os quais Angola e Moçambique, os chefes de Governo de Portugal, Espanha e Itália, entre outros, bem como os líderes do Fundo Monetário Internacional (FMI), do Banco Africano de Desenvolvimento, Organização Mundial do Comércio, Banco Mundial, Organização das Nações Unidas, União Europeia e União Africana.

A equipa do presidente francês considera que o rendimento "per capita" no continente africano só deverá voltar aos níveis anteriores à pandemia em 2023 ou 2024, revelando "muito receio do risco de divergência entre as economias africanas, e entre estas e as economias desenvolvidas", o que vai ao encontro dos receios da directora executiva do FMI, que interpreta o pós pandemia como "uma grande divergência" entre África e o resto do mundo em termos de relançamento do crescimento económico.

Os líderes africanos e europeus admitem que a pandemia que atingiu todos os países está a ter consequências diferentes nas economias, pela disparidade de instrumentos financeiros que uns e outros têm à disposição, - tendo atingido sobremaneira o continente africano, com uma recessão histórica de 2,1% - para além da pesada dívida externa do continente, que se cifra nos 700 mil milhões de dólares.

O FMI estima por isso que "os países africanos tenham necessidades de financiamento equivalentes a 450 mil milhões de dólares até 2025, daí a ideia de aumentar de forma massiva a ajuda de emergência a África".

Ainda há uma semana os responsáveis pelos 95 bancos públicos de desenvolvimento, sediados em África, lançaram um apelo de ajuda internacional, para fazerem face aos "enormes obstáculos", determinados pelas debilidades endémicas do continente agravadas pela pandemia da Covid-19.

O Banco Central Europeu disponibilizou 750 mil milhões de euros em estímulos à economia da região, enquanto os Estados Unidos da América aprovaram um pacote de ajuda no valor de 2 biliões de dólares, o maior de sempre.

Apesar das verbas avultadas que o continente africano recebeu para combater a pandemia e relançar o crescimento, as necessidades de financiamento são ainda muito relevantes.

De acordo com a imprensa internacional, o FMI vai emitir 650 mil milhões USD, em Direitos Especiais de Saque (DES), para distribuir pelos membros de acordo com as quotas de cada um, o que permitir direccionar 34 mil milhões USD para África, dos quais 23 mil milhões USD para a África subsaariana.