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Angola

BNA descarta culpas em operações de oficiais da Segurança do PR

Operação 'caranguejo' investiga associação criminosa e peculato

O Banco Nacional de Angola (BNA) está a investigar em que condições os 800 milhões Kz apreendidos na operação "Caranguejo", que envolve o major Lussati e "oficiais da Casa de Segurança do Presidente da República", saíram de um banco comercial e foram parar em malas apreendidas em apartamentos do oficial detido pelos Serviços de Investigação Criminal (SIC).

Em comunicado divulgado esta quarta-feira, um dia após o Expansão ter solicitado esclarecimentos sobre o caso e sobre o circuito das notas novas de Kwanzas desde que chegaram ao País, o banco central avança que "procedeu à abertura de um inquérito para averiguar junto do banco comercial em questão as circunstâncias em que aqueles valores foram disponibilizados a terceiros e quais os procedimentos de compliance aplicados para assegurar a sua legitimidade".

O BNA admite que estes valores foram levantados na sua caixa forte por um banco comercial, mas não avança o nome, e garante que o levantamento obedeceu "integralmente às regras e protocolos vigentes para o efeito, não tendo ocorrido qualquer falha de procedimento a nível do Banco Nacional de Angola".

No comunicado distribuído à imprensa, o supervisor bancário não faz qualquer alusão aos milhões de dólares e euros (10 milhões USD e 700 mil euros segundo a TPA) apreendidos na operação, mas garante que prestou aos órgãos de investigação criminal todas as informações solicitadas.

A posição do BNA surgiu dias depois da operação "Caranguejo" ganhar dimensão com uma reportagem televisiva sobre a apreensão de malas e caixas com dinheiros, assim como viaturas e imóveis.

Situação que também originou um comunicado da Procuradoria-Geral da República (PGR), que dá conta da existência de "um processo-crime que envolve oficiais das forças armadas angolanas afectos à Casa de Segurança do Presidente da República, por suspeita de cometimento de crimes de peculato, retenção de moeda, associação criminosa e outras", com a "apreensão de valores monetários em dinheiro, guardados em caixas e malas, na ordem de milhões de dólares, euros e kwanzas, bem como residências e viaturas".

O comunicado da PGR não avança os montantes apreendidos, nem o número de imóveis e viaturas, mas segundo a Televisão Pública de Angola, foram apreendidas 15 viaturas topo de gama e 45 imóveis.

Falha de supervisão?

Apesar de o Banco Nacional de Angola assumir em comunicado que que não ocorreu qualquer falha no levantamento dos valores em questão, em moeda nacional, na sua caixa forte por um banco comercial, especialistas entendem que o banco central fica "mal visto" neste processo por, enquanto supervisor, não ter detectado a movimentação de valores tão altos por parte de uma entidade ou pessoa singular.

"Isto é preocupante para a reputação do banco central. Como é que o BNA justifica uma saída tão avultada de dinheiro sem ter dado a conta?", questiona um banqueiro.

De acordo com este responsável, numa altura em que a instituição liderada por José Massano tenta obter equivalência de regulamentação e de supervisão junto da Comissão Europeia, este caso faz soar o alerta das instituições financeiras internacionais.

(Leia o artigo integral na edição 626 do Expansão, de sexta-feira, dia 28 de Maio de 2021, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)