Crise na construção "afunda" produção de cimento em 32%, para 2 milhões de toneladas
A crise na construção e a estagnação das obras públicas em Angola "afundaram" a produção de cimento em 32%, entre 2019 e 2020, para 2 milhões de toneladas. A Associação da Indústria Cimenteira de Angola (AICA) indica que, com a recessão dos dois sectores e o desinvestimento nas obras públicas que se assiste desde o início da crise financeira, provocada pela queda do preço do petróleo, a produção de cimento contraiu sistematicamente quase até à paralisação.
O presidente da AICA, Paul Ang, diz que "a crise económica que foi agravada pela pandemia da Covid-19 afectou diversos sectores da economia angolana e, actualmente, as empresas cimenteiras estão a produzir e a vender em média a menos de 20% das suas capacidades nominais".
Se no passado, a construção e obras públicas foram os grandes impulsionadores do crescimento da indústria cimenteira, nos últimos dias, segundo o gestor, os dois sectores já não são os grandes consumidores da índústria cimenteira, por isso, ela está com níveis tão reduzidos de produção.
"Como estes sectores estão estagnados, isso afecta directamente as cimenteiras", reforça Paul Ang. Contas feitas, no cenário actual, as empresas viram-se obrigadas a laborar abaixo da capacidade instalada. Se, em 2014, o País produzia 4,5 milhões de toneladas de cimento, em finais de 2020 apenas foram produzidas 2 milhões de toneladas, ou seja uma quebra de 58%.
Com a produção em queda, as vendas também baixaram. A justificação é a crise financeira, falta de encomendas na construção e obras públicas. Os industriais reconhecem também que a falta de investimento na construção e a redução da despesa pública estão a "matar" o negócio do cimento em Angola.
Entre 2014 e 2020, as vendas caíram 60%, para 2,4 milhões de toneladas, contrastando com os 5,6 milhões de toneladas vendidas no início da crise. Os dados da AICA indicam que, entre 2019 e 2020, as vendas de cimento estabilizaram nos 2,4 milhões de toneladas. Com base nos relatórios de produção e comercialização de cimento das cinco fábricas do País, as vendas tiveram uma quebra em sete anos de 3,5 milhões de toneladas. O Expansão sabe que neste momento a produção de clínquer e de cimento é excedentária, , tendo em conta a quebra nas vendas.
(Leia o artigo integral na edição 626 do Expansão, de sexta-feira, dia 28 de Maio de 2021, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)