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Banca angolana tem vários "candidatos" a avaliação de rating

Angola

Alto responsável da Moodys manteve encontros com gestores de bancos angolanos, que mostram um "interesse crescente" em serem alvo de avaliação de risco, para diversificarem fontes de financiamento.

O sistema bancário angolano tem "vários candidatos" avaliações por parte de agências de rating internacionais, afirma Michael Korwin, senior vice-presidente de Business Development da Moodys.

Em declarações ao Expansão, o responsável, que há duas semanas esteve em Luanda a "trocar impressões" com potenciais novos clientes da agência de avaliação de risco, justifica a tendência com a "necessidade de alargamento das fontes de financiamento por parte da banca angolana e com o facto de o banco central ter vindo a "impor vários regulamentos para fortalecer o sistema bancário".

"Existem vários candidatos", afirma o responsável, que admite que a Moodys - que já faz a avaliação do BAI desde Janairo do ano passado - está "a olhar para bancos angolanos", na medida em que acredita que eles "precisam de um histórico de análise" que reforce a sua credibilidade internacional.

"O sistema bancário angolano é o terceiro maior da África Subsariana", lembra Micheal Korwin, que sublinha haver "uma necessidade de, internacionalmente, os bancos comunicarem com os investidores", sendo o rating um "instrumento adequado" para que o façam com sucesso. "Este desejo da banca é crescente, e a divulgação do seu rating vai ajudá-la a alargar o potencial de captação de investidores", reforça o responsável da Moodys, agência que também avalia o risco soberano do País e tem neste momento como 'alvos' vários outros Estados desta região africana.

"Nesta fase da economia angolana, como de outros países emergentes, em que existe uma política de diversificação, é muito importante captar investidores de mais longo prazo", diz Michael Korwin, que, na sua vinda a Luanda, sentiu muito interesse por parte das instituições bancárias. "Estamos a olhar para os bancos angolanos, porque são os primeiros a sentirem a necessidade de terem um rating para conseguirem diversificar o seu funding, muitas vezes, para maturidades, ou prazos, mais alargados", explica o senior vice-presidente da Moodys, que explica que, neste processo, "nós [agências] ligamos para os bancos, e eles ligam para nós". O interesse é "é crescente".

Para além da banca, a Moodys está também focada na possibilidade de avaliação de risco de "companhias públicas e privadas" no País, diz Michael Korwin, que reconhece que, no caso angolano, "por vezes há um problema de dimensão". "As empresas têm de ser grandes para captarem o interesse de investidores internacionais nas suas emissões de dívida", explica o responsável.

A dimensão conta

Por exemplo, adianta, na Europa, "emissões abaixo de 100 milhões de euros não funcionam, pois é preciso gerar liquidez" no mercado secundário.

"O ideal", diz, são emissões "iguais ou superiores a 200 milhões de euros". Michael Korwin alerta que, estando Angola a preparar o lançamento do mercado de capitais, o rating ganha importância junto das empresas que possam vir a ser cotadas. "É importante que as empresas que vão para a bolsa sejam alvo de rating para que os investidores, sobretudo internacionais, possam entender os riscos" existentes, sublinha.

"O rating ajuda à evolução dos mercados. Sendo uma análise feita ao longo do tempo, é uma evolução e não uma revolução", explica, destacando que vai sendo construído "de forma progressiva".

África subsariana na 'mira' da Moodys

Para além de Angola, a agência tem na 'mira' instituições de outros países da África subsariana, uma região onde a Moodys já avalia o risco de 21 Estados, nomeadamente a Nigéria, o Quénia, a Zâmbia, o Uganda, a África do Sul, ou o Gabão, para além de Angola.

"Dada a dinâmica de crescimento, há cada vez mais países, bancos e empresas interessados nas nossas análises", afirma. "Há investidores internacionais, por exemplo, fundos de pensões, interessados e com desejo de investir nestes países", explica o responsável da Moodys, que justifica esta procura com o facto de, nas emissões de dívidas dos Estados e empresas da região, "o retorno ser mais alto do que noutras".

Também a "apetência pela diversificação do perfil de risco" e a "atitude positiva" dos investidores internacionais face a vários países em África ajudam a explicar o interesse pelo continente. Vários países da região têm vindo a fazer emissões de dívida internacionais.

"Os governos não conseguem fazer tudo sozinhos", sublinha, justificando a necessidade de procurarem funding no exterior. No ano passado, por exemplo, países como o Quénia, a Zâmbia, o Gana ou a Costa do Marfim colocaram dívida junto de investidores internacionais. "Esta tendência vai continuar", assegura, defendendo que Angola - que tem vindo a adiar uma emissão de eurobonds - é também "um candidato". "Angola tem debatido este tema e a emissão depende de uma decisão do Governo", lembra o responsável da Moodys.

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