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Economia

Investimento estrangeiro no oil & gas afunda 14% para 3,9 mil milhões USD

MENOS 627 MILHÕES USD NO I SEMESTRE

A queda do IDE no sector petrolífero acontece numa altura em que Angola registou uma produção abaixo de um milhão de barris/dia. Ainda assim, é a primeira vez desde 2016 que o saldo entre o que entrou e o que saiu de investimento directo estrangeiro não é negativo num primeiro semestre. Mas sem investimento não se trava o declínio da produção nacional.

O Investimento Directo Estrangeiro (IDE) no País caiu 10% para 4.246,8 milhões USD no primeiro semestre deste ano face aos 4.714,2 milhões registados no mesmo período de 2024, ou seja, o País captou menos 467,4 milhões USD nos primeiros seis meses do ano face ao período homologo, de acordo com cálculos do Expansão com base nas estatísticas do Banco Nacional de Angola (BNA).

Trata-se do IDE mais baixo dos últimos cinco semestres, ou seja, seria necessário recuar até ao II semestre de 2022 (período eleitoral, que por norma retrai investidores) para se encontrar um semestre com um registo mais baixo.

E na base está a queda do IDE no sector petrolífero que afundou 14% para 3.908,6 milhões USD nos primeiros seis meses do ano. Contas feitas, as petrolíferas e empresas estrangeiras que actuam no sector investiram menos 627,4 milhões USD nos primeiros seis meses do ano face ao período homólogo.

Esta queda no IDE petrolífero espelha aquilo que tem sido o desempenho do sector nos últimos anos, em que o País enfrenta um declínio da sua produção petrolífera. Só para termos noção, Angola produziu, nos primeiros seis meses do ano, cerca de 186,0 milhões de barris de petróleo, o equivalente a uma média diária de 1,028 milhões de barris, o que representa uma queda de 9% face aos 1,123 milhões produzidos diariamente em média no I semestre do ano passado, ou seja, menos 96 mil barris/dia face ao período homólogo, de acordo com cálculos do Expansão com base nos relatórios mensais da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANPG). E isto empurrou o PIB do sector da extracção e refino de petróleo para baixo, em que segundo o INE recuou 6,5% em termos homólogos.

O cenário fica ainda pior tendo em conta que em Julho Angola registou uma produção média diária de cerca de 999 mil barris, baixando pela primeira vez em 28 meses a barreira psicológica dos 1,000 milhões de barris/dia.

Para especialista em Petróleo e gás, Flávio Inocêncio, há vários motivos que explicam a queda do IDE petrolífero, já que a incerteza no mercado internacional e o excesso de petróleo no mercado fizeram com que os preços caíssem de forma significativa, tendo em conta que a OPEP+ e os EUA que estão com uma produção média diária de 13 milhões de barris por dia.

"É importante realçar que o IDE petrolífero foi negativo o ano passado, o que significa que saiu mais do que entrou, e isso revela o período de incerteza. Mas não significa que Angola não seja atractiva do ponto de vista geológico, já que as recentes descobertas de gás natural não associado revelam [a atractividade]", apontou.

Assim, Flávio Inocêncio entende que a produção petrolífera angolana está em declínio há algum tempo porque as reservas provadas andam à volta dos 8 biliões de barris e o rácio reservas produção é baixo, uma vez que as previsões eram mais catastróficas. "A Rystad energy previa um declínio maior da produção, podendo Angola chegar a 650 mil barris em 2032", sustentou.

"A razão é simples: o declínio dos poços maduros e a insuficiente exploração nos anos passados, [ditam o desempenho] do sector hoje, mas isso foi parcialmente resolvido com as novas reformas, em especial a da produção incremental, novas licitações e o declínio não é tão grande. Por isso não nos devemos surpreender que a produção esteja a baixar. Não houve novas descobertas significativas para compensar o declínio natural", rematou.

Assim, o facto de o sector representar 90% do investimento estrangeiro em Angola durante estes todos os anos é um claro sinal de que o petróleo continua a ser o grande motor da economia nacional e é o sector que garante maior confiança aos investidores. Entretanto, o sector não petrolífero representou apenas 8% de todo o Investimento Directo Estrangeiro feito no País entre Janeiro e Junho deste ano, crescendo 34% para 338,3 milhões USD (+160,0 milhões).

Investimento directo angolano no estrangeiro disparou

Mas se no primeiro semestre os estrangeiros investiram menos em Angola, o mesmo não aconteceu com os investimentos dos angolanos lá fora.

Contas feitas, os angolanos investiram mais 63,6 milhões USD entre Janeiro e Junho deste ano, ao registar um crescimento de 405% para 79,3 milhões USD face ao período homólogo. Ainda assim, o investimento directo angolano no exterior só representa 1,9% do que os estrangeiros investiram no País.

Leia o artigo integral na edição 843 do Expansão, de Sexta-feira, dia 12 de Setembro de 2025, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

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