O Grupo Albev vai investir cerca de 50 milhões USD (4,8 mil milhões Kz) na construção de quatro unidades industriais, revela ao Expansão o director comercial do grupo de distribuição alimentar. A ideia, explica Nélson Oliveira, é replicar em Angola o universo fabril dos parceiros da empresa, que é de capital 100% angolano.

De acordo com o responsável, a Albev vai construir em Viana, onde está sediada, uma unidade de fabrico de charcutaria, associada a uma linha de produção de enlatados, uma fábrica de cones para gelados e bolachas, e uma de embalagem de produtos alimentares.

No mesmo espaço, junto ao actual Centro de Logística de Distribuição (CLOD) de Luanda, vai igualmente nascer uma unidade de fabrico de compotas, que vai "recorrer a produção nacional", explica Nélson Oliveira.

Estes projectos, cuja construção se inicia este ano, adianta o gestor, vão criar entre 450 e 600 empregos directos, "maioritariamente angolanos", que vão engrossar a fileira de colaboradores da Albev, actualmente em cerca de três dezenas.

A Albev opera em Angola desde 2005, tendo iniciado a sua actividade fazendo distribuição alimentar essencialmente no mercado informal. Em 2010, com a parceria e entrada no capital de novos parceiros na área da produção alimentar e logística, com unidades fabris em Portugal e Espanha, a Albev deu mais um passo, ganhando escala e capacidade para operar em canais de retalho alimentar e grande distribuição.

Novo modelo de negócio replica o europeu

Em 2012, conta o director comercial, a empresa começou a apostar também no canal Horeca (hotelaria, restauração e cafés), onde distribuiu também algumas marcas próprias oriundas das unidades de Portugal e Espanha que já comercializava no retalho. "Com as fábricas aqui, vamos reflectir em Angola a produção que temos lá fora, mas aumentando a incorporação de produtos de origem nacional", garante Nélson Oliveira.

A Albev produz e distribui artigos, sob a insígnia Real, como charcutaria, peixe, ovos, fruta e queijo, tendo ainda uma marca própria de água - Mussulo. Para além da água, de origem angolana, também a Real Fumeiro, a Real Peixe, a Real Queijos e a Real Fruta contam já com incorporação de produtos angolanos.

Também os produtos da Progelcone, por enquanto importados de Portugal, são distribuídos pela Albev. Para além dos cones e baunilhas, a Progelcone tem também artigos como plásticos, e de higiene e limpeza profissional, cuja distribuição em Angola está igualmente a cargo da empresa sediada em Viana.

Café Sical em exclusivo em Angola

Entretanto, nos últimos dois meses, a Albev juntou um novo trunfo ao seu portefólio de produtos - a distribuição, em exclusivo em Angola, da marca de cafés Sical, detida pela multinacional Nestlé. "É a primeira vez que a Nestlé delega, em África, a distribuição de um produto seu em regime de exclusividade", sublinha Nélson Oliveira, que explica que a distribuição desta marca vai dar um novo impulso à empresa, nomeadamente junto do canal Horeca, ao qual a empresa já dedica seis viaturas a tempo inteiro.

"A saída do café Sical é ainda residual, porque a operação só começou há dois meses e a marca não existia ainda no mercado", explica Nélson Oliveira, que acredita que existem condições para "fazer concorrência competitiva" à actual líder de mercado, a Angonabeiro, dona da marca Delta.

"Temos uma unidade de apoio à assistência das máquinas de café" - de uma conhecida marca internacional - que são colocadas nos clientes, adianta o gestor, que garante que a Albev "vai ser um player competitivo" nesta área.

Quiosques e lojas

A par da distribuição da Sical, a Albev tem ainda projectos para a criação de quiosques para a venda/consumo de café, associados a lojas que comercializarão outros produtos, nomeadamente congelados (folhados, pão, bolos, etc.) da marca Europastri.

De acordo com o director comercial, já há acordo para abertura de um quiosque no empreendimento Comandante Gika, no bairro do Alvalade, em Luanda, e está a ser negociado um espaço no futuro centro comercial do Kinaxixi, igualmente na capital. A empresa está, também, a negociar uma parceria com o Kero, para a instalação dos quiosques e lojas nas superfícies do grupo de retalho. O acordo com a Nestlé dura 15 anos e prevê que a abertura de lojas seja feita, também, em regime de franchising.

A Albev tem um centro logístico em Viana, com estruturas próprias de armazenagem, incluindo de frio, e detém armazéns capilares no Huambo, Lubango e Benguela. Estas estruturas, com as unidades fabris, vão dar origem a um centro logístico integrado, em Viana. Em 2013, as vendas da Albev estiveram "entre 7 e 8 milhões USD", segundo Nélson Oliveira, o que representou um crescimento de cerca de 60% face ao ano anterior.

David Rodrigues