Gemcorp empresta mais 600 milhões USD ao País
A relação entre Angola e a Gemcorp, um fundo de investimento opaco baseado em Londres e com escritórios de representação em Luanda, Genebra, Abu Dhabi, Dubai, Nova Iorque e Singapura, tem agora um novo episódio, com o anúncio de mais um financiamento garantido por aquela entidade, desta vez avaliado em 600 milhões USD.
O acordo foi publicado em Diário da República, no dia 9 de Dezembro, através do Despacho Presidencial n.º 357/25, e é justificado com "a necessidade de atender às necessidades da economia real de Angola, com a implementação de projectos e fornecimentos estratégicos que contribuam para o desenvolvimento económico e social do País". O financiamento de 600 milhões USD, que se junta à renovação do acordo com o banco JP Morgan (que emprestou a Angola 1.000 milhões USD, em 2025, tendo como garantia a emissão de dívida soberana avaliada em 1.900 milhões USD), será realizado na modalidade de revolving, em inglês, ou linha de crédito renovável, em português.
Esta modalidade de financiamento permite que o contratante utilize os fundos disponíveis até a um limite estabelecido, incluindo pagamento de juros, com a possibilidade de renovação do acordo sem a assinatura de um novo contrato. Normalmente, este tipo de soluções são adoptadas em entidades comerciais e empresas que enfrentam constrangimentos de tesouraria ou limitações momentâneas no acesso a recursos financeiros.
Gemcorp junta-se ao Fundo Soberano
Mas as novidades entre a Gemcorp e Angola não se ficam pelo financiamento ao tesouro. No mesmo dia em que foi publicado o acordo de 600 milhões USD, o Fundo Soberano de Angola (FSDEA) anunciou a criação de um fundo de infraestruturas com o foco em África, mas sedeado em Abu Dhabi, avaliado em 500 milhões USD. Segundo as informações divulgadas publicamente, o FSDEA fará um investimento inicial de 50 milhões USD, que poderá aumentar para 200 milhões, enquanto a Gemcorp contribuirá com até 50 milhões USD.
O fundo tem como objectivo realizar investimentos em todo o continente, e pretende atrair mais capital do sector privado para a exploração de minerais, acesso à água potável, segurança alimentar, transição energética e outras áreas. "Estamos a investir nesta iniciativa e esperamos atrair outros investidores, particularmente os do Golfo, para as vastas oportunidades que temos em África", disse Armando Manuel, presidente do FSDEA, à agência Reuters.
A Gemcorp quer incentivar investidores globais que desejam diversificar os seus investimentos em mercados financeiros "saturados" nos EUA e na Europa. A Gemcorp, que se concentra em mercados emergentes, afirmou que usará as suas próprias plataformas em África para impulsionar o fundo de investimento em parceria com o FSDEA.
"O nível de interesse que temos observado, seja da parte de fundos de pensão dos países nórdicos da Europa, investidores nos países do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG), capital institucional internacional ou escritórios familiares, é imenso", afirmou Asad Hajiyev, director executivo sénior da Gemcorp em Abu Dhabi.











