Com investimentos nos sectores mineiro, alimentos e bebidas, educação e construção civil dispersos por 5 províncias, a Turquia pretende expandir o seu leque de interesses em Angola e apostar em projectos de electricidade, confirmou ao Expansão Mustafa Öz, conselheiro comercial da Embaixada da Turquia em Luanda, no final do IV Fórum Económico e Empresarial Turquia-África (TABEF), que juntou em Istambul, nos dias 12 e 13 de Outubro, perto de 4.000 líderes políticos e empresariais turcos e de 49 países africanos

Apesar de a delegação angolana contar apenas com 11 participantes, entre empresários e diplomatas, o IV TABEF lançou as bases para novos investimentos e negócios, como contou Sérgio Conceição, presidente da Câmara de Comércio e Indústria Angola & Turquia (CCIAT).

A Embaixada da Turquia e a CCIAT endereçaram convites a dezenas de empresários, mas por sobreposição de agenda e falta de margem nos orçamentos anuais, a esmagadora maioria declinou o convite, explicou Conceição, que, no entanto, avalia positivamente a presença do país no IV TABEF, evento organizado pelo Conselho de Relações Externas turco, em coordenação com o Ministério do Comércio e a União Africana.

"Não pensávamos que a recepção fosse tão boa, levámos pequenas amostras de madeira e houve grande interesse da parte de empresários turcos", acrescentou o presidente da Câmara do Comércio e Indústria Angola & Turquia, notando que o país tem uma boa oportunidade para atrair investidores turcos da área da indústria de transformação e mobiliário.

A madeira em toro é um dos produtos que Angola vende à Turquia, com as vendas de Iroko a valer 5% das exportações angolanos nas trocas comerciais nos primeiros oito meses do ano (ver gráfico. Mas o grosso das exportações são de farinha de trigo e derivados (77%), farinha de milho e derivados (10%) e gasolina para aviões (6%). Nas importações da Turquia para Angola sobressai a maquinaria e equipamentos para agricultura e pecuária, matérias-primas para o sector agrícola e barcos de pesca.

As trocas comerciais bilaterais têm vindo a sofrer oscilações, desde 2015, registando-se uma recuperação, para 309,4 milhões USD em 2022, após uma queda em 2019. A balança pende para a Turquia, com 298,3 milhões USD de exportações para Angola em 2022, tendo as vendas angolanas para a Turquia ficado pelos 11,1 milhões USD.

Nova página

A Turquia quer ser um parceiro privilegiado de África, segundo o princípio win-win, como afirmou o Presidente Recep Erdogan, ao falar para um auditório cheio de empresários africanos. Comoros (que detém a presidência rotativa da União Africana), Seicheles, Burkina Faso, Gabão, Líbia, Mauritânia e Gâmbia tiveram as representações mais fortes no IV TABEF.

As relações com o continente sofreram uma estagnação até 2002, mas em 2005 a Turquia "declarou a importância de África" nas relações comerciais com o exterior, virou "nova página" e abriu embaixadas em 38 países africanos, afirmou o Chefe de Estado turco, que já efectuou mais de 50 visitas ao continente.

A aposta em África mede-se pelos números. O volume do comércio da Turquia com o continente aumentou 30 vezes, nos últimos 20 anos, passando de 1,35 mil milhões USD em 2003 para 40,7 mil milhões em 2022. As exportações para os países africanos recuperaram o ímpeto e atingiram os 23,6 mil milhões em 2022. Já as importações da Turquia de África ficaram-se pelos 9,5 mil milhões USD em 2022, desequilibrando a balança

Nestas duas décadas, as empresas de construção da Turquia concluíram 1.864 grandes projectos de construção e de infra-estruturas no continente, avaliados em 85 mil milhões USD, revelou o ministro do Comércio turco, Ömer Bolat. E a Turkish Airlines passou a voar para 62 destinos africanos, facilitando as trocas comerciais.

Leia o artigo integral na edição 747 do Expansão, de sexta-feira, dia 20 de Outubro de 2023, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)