Novacâmbios entra no negócio do envio de remessas e abre 10 novos balcões
Líder do mercado de câmbios reforça aposta no País com novo segmento de negócio e expansão de balcões a todas as províncias. Comercialização de kwanzas em Portugal e França está em crescimento.
A Novacâmbios vai entrar até ao final do primeiro semestre no negócio de envio de remessas de dinheiro, revela ao Expansão o administrador da empresa. Os planos para Angola passam ainda, este ano, pela abertura de 10 novos balcões, que se juntam aos 42 que já estão a operar e que fazem da Novacâmbios a líder de mercado no País, adianta Nuno Neves.
Com o alargamento da actividade às remessas e do número de balcões - que deverão chegar a todas as províncias -, explica o gestor, a companhia vai procurar "diluir os efeitos" da entrada em vigor, em Setembro de 2013, da nova legislação do sector.
"O negócio ficou mais restrito e já sentimos alguns efeitos", afirma Nuno Neves, sublinhando, contudo, o lado "positivo" da legislação, que obriga à apresentação de passaporte e passagem aérea para a compra de moeda estrangeira em Angola. "A lei permite a entrada nas remessas", um negócio que, aliás, a empresa conhece bem. É que a Ultra, a sociedade que detém parte do capital da Novacâmbios em Angola, juntamente com um parceiro local, é também accionista da Real Transfer que, no País, está "muito centrada no corredor Angola-Portugal".
"Em Angola há um mundo de nacionalidades", afirma o administrador, que vê neste facto uma "oportunidade" para acrescentar negócio ao grupo. Para além de Angola, onde está desde o ano 2002, a Novacâmbios encontra-se em mais quatro países. Em Portugal, onde nasceu em 2000, a empresa é detida pela Ultra e pela associação mutualista financeira Montepio Geral, tendo actualmente 30 balcões. Suécia é nova geografia Em França, onde opera desde 2003 com um parceiro local, tem três balcões e vai abrir dois este ano.
Na Namíbia, para onde foi em 2007, igualmente com um sócio local, a Novacâmbios tem 10 balcões e, em Moçambique, o país para onde entrou mais recentemente (2012), dois, em zonas fronteiriças a norte. Entretanto, revela Nuno Neves, a empresa estabeleceu uma parceria com uma empresa de envio de remessas de dinheiro na Suécia para instalações, em sete balcões já existentes, do negócio de câmbios.
"Há uma forte comunidade de imigrantes na Suécia e os suecos também viajam bastante para o exterior, tendo necessidade de trocar divisas", explica. A internacionalização da empresa, adianta José Rocha, fundador e também administrador, surgiu na sequência da entrada em vigor do euro, que "estreitou o negócio" em Portugal. Angola foi o primeiro destino e, hoje, é a geografia com mais importância para a companhia.
"Angola pesa um pouco menos de metade na facturação" da Novacâmbios, diz Nuno Neves. Actualmente, a empresa tem cerca de 200 colaboradores no País - cerca de metade do total do grupo -, dos quais a "esmagadora maioria" é angolana.
Comercialização de kwanzas a crescer A formação dos recursos humanos é uma das apostas da empresa, que, por isso, tem promovido a rotação de quadros entre as diferentes geografias onde está presente. "Todos aprendemos uns com os outros com este processo", garante o gestor.
Em Portugal, a Novacâmbios iniciou dia 11 de Novembro passado a comercialização do kwanza, juntando-se ao BIC Portugal e à Unicâmbios. "É um negócio que tem vindo a crescer", afirma, recusando, contudo adiantar volumes transaccionados.
Até agora, explica, este negócio em Portugal tem sido promovido sobretudo por angolanos e portugueses oriundos de Angola que vendem kwanzas para comprar euros, mas algumas empresas começam a utilizar esta possibilidade para comprar moeda angolana para quadros seus poderem usar em Angola.
A comercialização de kwanzas fora de Angola, sublinha, revela que está a "aumentar" o respeito pela moeda no exterior e que está a ser feito um caminho para a sua convertibilidade internacional, considera. Em França, onde este serviço também está disponível, "tem crescido" também o negócio, diz. Em Angola, onde os mercados dos câmbios e do envio de remessas são "muito concorrenciais e com margens curtas", o objectivo, reitera o gestor, é atingir todas as províncias, nalguns casos, nos aeroportos, no âmbito de uma parceria que a empresa tem com a gestora das infra-estruturas, a Enana.
Para já, está presente em Luanda, Lobito, Benguela, Huambo, Lubango, Namibe, Ondjiva e também Santa Clara. Também para Portugal há planos de abertura de novos balcões, mas, para já, a empresa prefere não detalhar. "A nossa política é revelar o que já pode avançar, e não os planos", garante Nuno Neves.
David Rodrigues