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Privatização de 30% do BFA será por um valor acima dos 200 milhões USD

AGENDADA PARA JULHO

Na verdade são 29,75% do capital social do BFA (14,75% do BPI e 15% da UNITEL), numa IPO que terá um encaixe bruto entre 205 e 220 mil milhões Kz. São estas as expectativas dos envolvidos, o que implicará um preço por acção entre os 74.700 e os 82.900 Kz.

Se cruzarmos alguns dados, podemos já ter a ideia da dimensão da operação de venda de 29,75% do capital do BFA na Bolsa de Luanda, que deverá acontecer nos próximos meses. O PCA do BPI disse, esta semana, que espera um retorno acima dos 95 milhões de euros pelos "seus" 14,75% do capital da instituição, que resulta da avaliação feita, ao que se juntarmos mais 3% a 5% para as despesas do processo e comissionamento da operação, estaríamos a falar de um valor bruto mínimo de 99,75 milhões EUR. Significa isto, que o total da venda em bolsa dos 29,75% do capital do BFA rondaria os 202 milhões de euros, que ao câmbio desta quarta-feira representam 208 mil milhões Kz.

A concretizar-se, e por estes valores, estamos a falar da maior operação em Bolsa realizada no País, relembrando que até hoje a que teve maior dimensão foi a privatização de 10 % do BAI, teve um valor bruto de 40,14 mil milhões Kz, que na altura, Junho de 2022 correspondiam a 87,1 milhões EUR ou 94 milhões USD. Já a privatização de 25% do Caixa Angola teve um encaixe bruto de 25 nuk milhões Kz, que em Setembro de 2022, momento da operação, que equivaliam a 58,8 milhões EUR. A mais recente IPO, 30% do capital da BODIVA, "rendeu" 2,4 mil milhões Kz, em Novembro do ano passado, cerca de 2,5 milhões de euros.

De acordo com o que o Expansão apurou junto dos responsáveis do banco, o valor apresentado acima será o mínimo, e as expectativas para valor bruto desta IPO é que seja ligeiramente acima, num intervalo entre os 210 e os 220 mil milhões Kz. O próprio PCA do BPI confirmou isso em declarações ao Jornal de Negócios, explicando que acredita, tendo em conta a avaliação actual do sector bancário, o BPI conseguirá vender os 14,75% do BFA acima do valor a que está contabibilizado ("book value"). "Temos a expectativa de que a operação venha a posicionar-se acima do "book value". A nossa expectativa é muito positiva, é uma das melhores instituições bancárias do continente africano, com uma estabilidade de resultados importantíssima e reputação elevada", disse Oliveira e Costa.

Hoje, o banco tem um capital social de 45 mil milhões Kz distribuídos por 9 milhões de acções com um valor nominal de 5.000 Kz. Estes 29,75% que serão dispersos em bolsa correspondem a 2.677.500 acções, sendo que para suportar aquilo que são as expectativas actuais dos accionistas, o valor em bolsa para cada uma das acções estaria num intervalo entre os 74.700 Kz e os 82.900 Kz. Esta definição do preço final da IPO vai depender de muitos outros factores, por um lado tem que satisfazer os accionistas, mas por outro tem que estar de acordo com as expectativas de mercado e com a capacidade de compra do mercado. E claro, as oscilações do kwanza até ao momento da aprovação final do prospecto.

Valorização

O valor da avaliação do banco tem vindo a baixar nos últimos dois anos. No início de 2023, a Exotix, empresa especialista em operações de fusão e aquisição em África contratada pelo BPI para avaliar a sua participação no BFA fixou-a em 411 milhões EUR, o que significava um valor global da instituição de 854 milhões EUR. No final desse ano, no relatório e contas de 2023, o BPI avaliou o valor da sua participação no BFA em 399 milhões EUR, o que significava um valor de 761 milhões EUR para a totalidade do banco. Esta semana, o PCA do BPI em conferência de imprensa explicou que o BFA está avaliado em 650 milhões EUR e que a sua participação está avaliada em 312,6 milhões EUR. O que significa, que em pouco mais de dois anos, a avaliação do BFA caiu quase 200 milhões EUR e a participação do BPI em 99 milhões EUR.

A desvalorização do Kwanza, que fez cair o valor do património do banco no País em moeda estrangeira, a entrada de Angola na lista cinzenta do GAFI, aumentando o risco da operação, e a ligeira queda dos lucros e distribuição de dividendos neste período podem ajudar a explicar este facto. Veja-se que em 2023, quando o BPI negociava com Carlos Feijó e o grupo Carrinho a alienação dos 48,1% do capital que detinha na instituição angolana, o acordo esteve quase a fazer-se por 450 milhões Euros e só não aconteceu porque a forte desvalorização da moeda nacional, entre Maio e Julho desse ano, levou a que os interessados angolanos pedissem uma revisão das condições, levando o BPI a suspender o negócio. Hoje, o presidente da instituição portuguesa, que é propriedade dos espanhóis do Caixa Bank, fala num valor um pouco acima dos 310 milhões EUR.

Se quisermos recuar ainda mais no tempo, lembrar que quando o BPI teve de deixar de ter a maioria do BFA por imposição do Banco Central Europeu, vendeu 2% do seu capital em Janeiro de 2017 por 28 milhões EUR à UNITEL, o que em termos práticos significava uma valorização do banco em 1.400 milhões EUR. O valor teve esta dimensão porque implicava também a perda da posição de sócio maioritário e alteração do conselho de administração, lembrando que saiu Fernando Ulrich, último PCA indicado pelo BPI, entrando para o cargo Mário Silva, um gestor que fazia parte do universo das empresas de Isabel dos Santos. A UNITEL detinha 49,9% do capital do banco, que tinha comprado em 2008 por 475 milhões USD, na altura cerca de 390 milhões EUR.

Leia o artigo integral na edição 825 do Expansão, de Sexta-feira, dia 09 de Maio de 2025, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

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