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Em nove dos últimos 10 anos, as vendas de seguros cresceram abaixo do valor da inflação

EVOLUÇÃO DOS PRÉMIOS DOS ÚLTIMOS 10 ANOS DO SECTOR SEGURADOR NACIONAL

Em 2023, o sector voltou a ter um crescimento real negativo, 18% no aumento das vendas para uma taxa de inflação de 20%. A análise dos últimos 10 anos mostra que apenas em 2019, quando os prémios aumentaram 30,6% e o valor da inflação foi de 16,9%, o sector segurador teve ganhos efectivos.

Os prémios do mercado segurador cresceram em 2023 cerca de 18%, para 369 mil milhões Kz, e as indemnizações aumentaram 54%, para 161 mil milhões Kz, segundo cálculos do Expansão com base no relatório publicado pela Agência Angolana de Regulação e Supervisão de Seguros (ARSEG).

Este crescimento do sector segurador está abaixo da taxa de inflação, pois o País fechou Dezembro passado com uma inflação homóloga de 20%, o que significa que o sector teve um crescimento real negativo, destruindo as perspectivas dos operadores que há muito esperam crescer acima deste índice. Este é um factor que contribui para que a taxa de penetração seja das mais baixas da SADC, apenas 0,6%. Só com crescimentos robustos, claramente acima do valor da inflação, será possível expandir o sector e aumentar este índice.

Se olharmos para os últimos 10 anos, vamos perceber que em nove, afinal, o sector teve um crescimento real negativo, pois a inflação foi sempre superior. Por exemplo, em 2014, os prémios cresceram 5,6% e, na altura, fechámos o ano com uma inflação de 7,48%, em 2015, os prémios cresceram 9,7% a inflação foi de 14,27%, bem como em 2016, quando os prémios cresceram 10% a inflação foi 41,12%.

Em 2017, altura das eleições, onde há sempre uma tendência para baixar a inflação em função das políticas eleitorais, os prémios cresceram 21,7% e o ano fechou com uma inflação homóloga de 23,7%. Apenas em 2019 houve um crescimento real do sector e o crescimento real negativo continua até ao ano em que nos encontramos, nesse ano, os prémios cresceram 30,6%, para 182 mil milhões Kz, e a inflação foi de apenas 16,9%.

A partir de 2020, voltámos a crescimentos reais negativos, sendo que hoje, em dólares, as vendas anuais valem apenas 446 milhões. Ou seja, apenas 13,5 USD per capita, o que nos coloca no fundo das estatísticas em termos do que acontece nos países que fazem parte dos dois blocos com que mais nos identificamos, SADC e CPLP. Em kwanzas o valor está a aumentar, mas a desvalorização da moeda nacional faz com que o índice tenha caído significativamente nos últimos três anos nas estatísticas internacionais.

A explicação mais simples é que se a economia do País não cresce, o sector segurador também não, porque estão directamente ligados. Em termos práticos, se a maioria da população tem maiores dificuldades na sua vida quotidiana, obviamente que os seguros não são uma prioridade e as maiores preocupações são as respostas às necessidades básicas.

Também sem empresas sólidas e lucrativas não é possível desenvolver e incrementar uma série de produtos deste sector que já muito importantes em outros mercados. Mas não é apenas isto. Na verdade, existem outros factores, como a pouca fiscalização no cumprimento dos seguros obrigatórios, a falta de literacia financeira por parte da maioria da população e perda de confiança dos cidadãos por práticas incorrectas no passado, que também influenciam a situação actual.

Leia o artigo integral na edição 767 do Expansão, de sexta-feira, dia 15 de Março de 2024, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)