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África

Corredor de Tazara avança e pressiona o do Lobito

LIGAÇÃO FERROVIÁRIA ENTRE TANZÂNIA E ZÂMBIA ESTÁ A CAPTAR MAIS INTERESSE DE INVESTIDORES

Apesar de ser um símbolo do Global Gateway, o Corredor do Lobito "continua a ser uma infraestrutura em transição: operacional do lado congolês, simbólico do lado zambiano e complexo do lado angolano", conclui Alexander Stonor, que aponta o Corredor Tazara como ameaça à ferrovia que liga Angola à RDC e Zâmbia.

Sem uma governação clara", o projecto do Corredor do Lobito "corre o risco de se manter mais um símbolo diplomático do que uma ferramenta de competitividade para as empresas", alerta Alexander Stonor, investigador do instituto francês IRIS, num artigo onde adverte para a necessidade de haver um órgão de coordenação e gestão tripartida da linha férrea, que liga Angola, República Democrática do Congo (RDC) e Zâmbia, que dê confiança aos financiadores. Caso contrário, o projecto do Corredor do Lobito corre o risco de ficar para trás na competição com outras infraestruturas regionais, como Tazara, entre a Tanzânia e a Zâmbia, cuja reabilitação deverá ficar concluída em três anos.

"Apresentado como o principal projecto de mega-infraestruturas de Washington e Bruxelas em África, o corredor do Lobito, segundo Alexander Stonor, está a gerar tanta esperança como cautela", mas enfrenta uma "dificuldade estrutural que é muitas vezes subestimada".

A infraestrutura envolve três países "com diferentes línguas administrativas e sistemas jurídicos" e não tem um "órgão formal de coordenação ou uma autoridade pública transnacional dedicada à governação".

O projecto de reabilitação do Corredor do Lobito conta com compromissos públicos e privados de 10 mil milhões USD. Mas a falta de uma estrutura tripartida, complica a implementação de uma visão comum e atrasa a definição de regras uniformes para os operadores, o que faz com que o Corredor Tazara e as estradas para Durban "continuem a ser as principais opções" para a exportação de matérias-primas e de metais críticos (cobre, cobalto ou o tântalo) do Cinturão de Cobre da África Central.

No artigo, publicado na página do Institut de Relations Internationale et Stratégiques uma semana antes da Cimeira UA-EU, que decorreu em Luanda, Stonor adverte que Tazara "está a emergir como um concorrente directo" do Corredor do Lobito. A linha de 1.860 quilómetros que liga o porto de Dar es Salaam, na Tanzânia, à cidade de Kapiri Mposhi, no centro da Zâmbia, "já beneficia de uma estrutura institucional estabelecida e de uma experiência operacional comprovada".

Vantagens que, segundo Alexander Stonor, "reforçam o seu apelo numa altura em que o Corredor do Lobito continua em construção e carece de uma estrutura formal de governação transfronteiriça".

Apesar de ser um símbolo do Global Gateway - projecto de infraestruturas europeu e dos EUA para contrariar o avanço chinês em África - o Corredor do Lobito, nas palavras do investigador, "continua a ser uma infraestrutura em transição: operacional do lado congolês, simbólico do lado zambiano e complexo do lado angolano".

Marginalmente mencionado

O investigador recorda que, numa conferência, no início de Outubro, na Zâmbia, o Corredor do Lobito "foi marginalmente mencionado", enquanto vários operadores mineiros das províncias do Noroeste e de Luapula questionaram o ministro dos Transportes e Logística, Frank Tayali, sobre Tazara.

"Este contraste ilustra bem a complexidade de um projecto cujo impacto económico continua a ser difícil de medir, e não é despiciendo: o corredor de Tazara, que atravessa dois países anglófonos (Zâmbia e Tanzânia), beneficia de uma estrutura, apoio institucional e experiência operacional comprovada", justifica o investigador.

Em Outubro, a China investiu 1,4 mil milhões USD no projecto de reabilitação de Tazara, de três anos, que "será um concorrente logístico directo, operacional antes do Lobito e, sobretudo, percebido como menos arriscado para os agentes económicos".

Leia o artigo integral na edição 854 do Expansão, sexta-feira, dia 28 de Novembro de 2025, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

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