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Opinião

Empresas públicas

EDITORIAL

Um escândalo que se torna maior quando percebemos que os 464 mil milhões Kz que as empresas custaram ao País, ao câmbio do ano passado, mais de 910 milhões USD, é 130% mais do que em 2021, ou seja, mais que duplicou de um ano para o outro. Em vez de estar a emagrecer, o "monstro" está cada vez mais gordo.

O custo do Sector Empresarial Público ao País é escandaloso. Porque estamos a falar do dinheiro de nós todos, que vem dos impostos que são cobrados a empresas e particulares e que podia, numa gestão mais racional, estar a ser aplicado no desenvolvimento económico em vez de ser utilizado em empresas que não conseguem trazer retorno para os cofres do Estado. Apenas 4 empresas das 77 analisadas no relatório deste ano distribuíram dividendos ao Estado. Parece-me um escândalo. Então a função primeira das empresas não é dar lucros e gerar rendimentos aos accionistas?

Um escândalo que se torna maior quando percebemos que os 464 mil milhões Kz que as empresas custaram ao País, ao câmbio do ano passado, mais de 910 milhões USD, é 130% mais do que em 2021, ou seja, mais que duplicou de um ano para o outro. Em vez de estar a emagrecer, o "monstro" está cada vez mais gordo. E nem o facto de 2022 ter sido um ano eleitoral, onde a vontade de gastar é maior, pode servir de justificação para este facto. Já agora, só para situar a dimensão do que estamos a falar, o programa Kwenda em três anos distribuiu um décimo do que nos custaram as empresas públicas só no ano passado.

A questão do emprego é importante, claro. Do fornecimento de serviços básicos que não assentam numa lógica de lucro, também. Estamos todos de acordo que existem empresas que, pela sua génese e actividade, têm de nos custar algum dinheiro. Mas quase todas? Impressionante esta lógica que as empresas públicas não têm de ter estruturas financeiras fortes, uma gestão moderna e eficiente, mas, pelo contrário, devem estar de mão estendida às portas do OGE e dos ministérios, à espera de receber mais capitalizações e mais subsídios de exploração.

Está chegada a hora de criar uma comissão independente, que junte especialistas descomprometidos com as causas deste fenómeno e universitários de reputação para analisar a gestão das empresas públicas. Não de uma forma global, mas uma a uma. Que se identifiquem as fugas e as fragilidades e se responsabilizem os gestores. Com relatórios públicos. Ou seja, que exista um sinal claro de combate a este despesismo que está a fazer uma pequena elite cada vez mais rica, e quase todos nós, cada vez mais pobres.

Vamos lá ver, é necessário justificar, mesmo, para onde estão a ir os impostos pagos pelos angolanos. O Sector Público Empresarial não é de quem governa, é de nós todos. Chega de confusões e mal-entendidos. Temos o direito de saber e quem gere tem a obrigação de explicar! Apenas isso...

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