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Opinião

O PIB no 3.º Trimestre de 2024 e a sua trajectória de crescimento

CHANCELA DO CINVESTEC

A linha de tendência é descendente, mas mostrando uma boa tendência para a estabilidade no final da série. Pensamos que é esta trajectória de crescimento do produto que devemos ter em conta para percebermos a variação dos nossos rendimentos.

O INE privilegia uma metodologia de cálculo onde, de forma simples, se compara a produção actual com a produção do ano anterior aos preços do ano anterior. Com esta metodologia espera-se medir a variação dos rendimentos em quantidades de produtos. É uma das metodologias recomendadas pelo FMI. Chamamos a esta metodologia, abreviadamente, cálculo em volume.

Porém, nós pensamos que é mais útil seguir uma outra metodologia, essencialmente porque, para os nossos rendimentos, 1 milhão de barris de petróleo vendidos a 100 USD/ barril são muito diferentes de 1 milhão de barris de petróleo vendidos a 50 USD/barril. A metodologia do INE diz que um milhão de barris vendidos a 50 ou a 100 criam a mesma riqueza e geram o mesmo rendimento. Nós sabemos que não é assim. Chamamos a esta metodologia, abreviadamente, cálculo em valor deflacionado.

Devido à forte separação dos mercados interno e externo, preferimos deflacionar o produto exportado usando a inflação mundial e o produto interno usando a inflação interna reportada pelo INE.

Evolução do PIB

Em volume, o PIB apresenta uma variação de +5,5%, com um crescimento acumulado ao 3.º Trimestre de 4,7%. Em 2024, o crescimento homólogo do PIB em medidas de volume foi sempre superior ao crescimento da população o que é positivo!

Em valor deflacionado, o PIB apresenta uma variação de +1,6%, com um crescimento acumulado ao 3.º Trimestre de +0,3%. Desde 2022, a variação do valor das exportações determinou uma estagnação do rendimento que não é captada pela análise do PIB em volume.

Contudo, analisando uma série mais longa, é o ano de 2022 que nos aparece como uma anomalia numa tendência geral de redução do PIB, dominada pela redução da produção não-exportada.

Observemos o gráfico 1. O critério de anualização da produção não-exportada em 2024 foi a manutenção do peso do 4.º Trimestre igual ao do 4.º Trimestre de 2023; a produção exportada foi anualizada proporcionalmente ao número de dias do 4.º trimestre, evitando assim influenciar a previsão com a quebra da produção no 1.º Trimestre de 2023.

Ignorando os anos de 2020 e 2021, devido à pandemia, e de 2022, devido à subida vertiginosa dos preços do petróleo e gás, resultante da guerra na Ucrânia, o PIB e as suas componentes interna e externa apresentam uma redução constante desde os 130 mil milhões de USD, em 2016, até aos 110 mil milhões da nossa previsão para 2014.

Esta redução ocorre a um ritmo médio anual de -2,7 mil milhões por ano, com algumas oscilações na procura externa, que apresenta um crescimento ligeiro, e uma perda acentuada na procura interna, que varia a um ritmo médio anual de cerca de -3 mil milhões de USD.

Ou seja, se actualmente temos uma estagnação do rendimento produzido internamente, com um crescimento do valor acrescentado da produção não- -exportada e uma redução do valor do VAB das exportações, observando num prazo mais longo, temos uma redução do rendimento essencialmente provocada pela produção não- -exportada, mas que tende a estabilizar para o valor de 2019, a partir de 2022.

Observemos o gráfico 2. Introduzindo a variação da população, o PIB per capita em valor deflacionado apresenta uma boa estabilidade em 2022, beneficiando dos preços extraordinários do petróleo e gás neste período e do seu efeito sobre a restante economia. Em 2023, é notória a crise cambial no 2.º Trimestre, mas com uma boa recuperação quase imediata até ao 4.º Trimestre. Descontando o 2.º Trimestre de 2023, temos uma queda profunda, mas regular, desde o índice 1,01 do 4.º Trimestre de 2022, até ao índice 0,88 do 3.º Trimestre de 2024, a um ritmo médio de 1,95% por trimestre, com algumas variações sazonais.

No 3.º Trimestre de 2024, o valor acrescentado interno da produção por habitante representou 88% do que foi no período-base, descendo 1 p.p. relativamente ao índice trimestral de 2023 (0,89).

A linha de tendência é descendente, mas mostrando uma boa tendência para a estabilidade no final da série.

Leia o artigo integral na edição 811 do Expansão, de sexta-feira, dia 31 de Janeiro de 2025, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

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