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Opinião

Alguns aspectos da Conta Externa do 1.º Semestre de 2022

CHANCELA DO CINVESTEC

A balança de rendimentos primários situou-se em 4,3 mil milhões de USD, aumentando o seu saldo negativo em 63% relativamente ao 1.º Semestre de 2021 e 5% relativamente ao mesmo período de 2019. A balança de rendimentos de trabalho melhora 9%, relativamente a 2021, e 12%, relativamente a 2021, sem, contudo, apresentar uma variação significativa em valor (menos de 20 milhões de USD).

Continua a não existir qualquer transferência de rendimentos de trabalho proveniente dos nossos emigrantes. Sendo esta uma fonte importante de divisas em muitos países africanos, não se entende este completo divórcio entre a diáspora e o País. Se poderá haver algumas remessas incluídas na balança de rendimentos secundários elas são insignificantes, exigindo-se uma actuação muito mais dinâmica para atrair estas poupanças.

A balança de juros e lucros, a componente mais importante da balança de transferências, situou-se em -4,1 mil milhões de USD, deteriorando-se relativamente a 2021 (69%) e 2019 (6%). A balança de rendimentos secundários ganhou expressão em 2021, crescendo significativamente em 2022, ao atingir cerca de 580 milhões USD no 1º Semestre.

O nível de transferências do exterior (15 milhões USD), quando comparado com o das transferências para o exterior (579 milhões) e a evolução destas duas rubricas demonstra que o país continua muito pouco atractivo, não parecendo aconselhável um alívio imediato da liberdade de circulação de capitais. Os juros e lucros transferidos para o exterior sobem 62% relativamente a 2021 e 1% relativamente a 2019. A rentabilidade transferida oscila, passando de 5,5% semestrais, em 2019, baixando para 3,5%, em 2021, e alcançando 6,2%, em 2022.

Somando 50% das saídas de IDE petrolífero, que convencionámos corresponderem a exportação de resultados em função dos contratos de exploração, passamos de uma rentabilidade semestral de 9,5% para 10,6%, entre 2019 e 2022, correspondendo a cerca de 21% de rentabilidade anual.

Em contraste, a rentabilidade semestral repatriada dos investimentos angolanos reduz-se continuamente de 0,7% para 0,2%, entre 2019 e 2022, demonstrando que não é a rentabilidade, mas provavelmente o risco, em particular o risco cambial, o que leva os angolanos a investir no estrangeiro. Mais uma vez fica patente que há um longo caminho a fazer para tornar o país atractivo para os capitais, seja qual for a sua origem.

POSIÇÃO DE INVESTIMENTO INTERNACIONAL LÍQUIDO ACTIVOS INVESTIMENTO ANGOLANO NO EXTERIOR

O investimento angolano no exterior, excluindo reservas, passa de 31,7 para 37,7 mil milhões de USD, aumentando 5,9 mil milhões, quase exclusivamente em resultado do aumento do crédito comercial (4,5 mil milhões) e de um aumento dos depósitos no exterior de 1,5 mil milhões. A variação nos depósitos é resultante de um fluxo de 759 milhões e de ajustes de 741 milhões, resultantes da "aparição" de 722 milhões nos depósitos do Governo, que não foram considerados em 2021, e de uma pequena valorização.

O crédito comercial representa agora o maior investimento angolano no exterior, passando de um peso de 27%, no início de 2021, para 48%, em Junho de 2022, correspondendo a 69% das exportações do 1º Semestre, ou seja, estamos a conceder crédito médio a 125 dias, representando, apesar do crescimento em valor, uma melhoria relativamente aos 147 dias de 2021!

PASSIVOS INVESTIMENTO ESTRANGEIRO EM ANGOLA (IDE)

O investimento estrangeiro em Angola desce 4%, de 71,7 para 68,8 mil milhões de USD (-3 mil milhões USD), devido essencialmente às rubricas de:

¦ Investimento Directo, onde temos uma redução de 3,2 mil milhões USD (24%), o que demonstra que os investimentos petrolíferos não estão a acontecer, mantendo-se um expatriamento muito significativo resultante dos contratos de exploração. O saldo do IDE situa- -se agora em 9,8 mil milhões USD. Se continuarmos neste ritmo, o IDE entra em terreno negativo no final de 2023!

¦ De notar que o IDE não-petrolífero foi de apenas 17,4 milhões durante o 1º Semestre o que representa a menor atracção de investimento de toda a série (desde 2012), incluindo o ano do auge da pandemia (2020). Torna-se pois urgente alterar significativamente o ambiente de negócios para captar poupanças quer externas quer internas.

¦ Há um ligeiro aumento na rubrica de Empréstimos (302 milhões) resultante da emissão de 1,75 mil milhões USD de Eurobonds, de uma redução de 917 milhões em outros empréstimos e de uma redução do valor em USD de empréstimos em outras moedas (valoriza[1]ção do USD face às principais moedas mundiais) no montante de 530 milhões.

(Leia o artigo integral na edição 694 do Expansão, de sexta-feira, dia 30 de Setembro de 2022, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)