Repositório científico não funciona por falta de domínio na internet
Instituições de ensino superior, académicos e pesquisadores estão limitados em utilizar o Repositório Angolano de Acesso Aberto (RANAA) por falta de um domínio na internet. A responsabilidade de criar o domínio é do Ministério do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação (MESCTI).
Passado um ano desde que o Ministério do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação (MESTA) lançou o Repositório Angolano de Acesso Aberto (RANHA) para armazenar de forma permanente, organizar, divulgar e disseminar a produção científica produzida no País, este ainda não está funcionar por falta de um domínio. Um domínio na internet é apenas um nome que identifica e localiza um site ou endereço na rede, entretanto como este não existe, os investigadores e instituições estão impedidos de publicarem ou pesquisarem qualquer artigo dentro do repositório.
"Depois do lançamento formal, o ministério tinha que actualizar o que permitiria todas as instituições povoar, ou seja, lançar formalmente os artigos. Mas este está atrasado, por falta mesmo deste domínio", explica uma fonte que esteve presente no período de criação do repositório.
O também académico sublinhou ainda que as instituições estão com os artigos para serem publicados, mas não o conseguem por não existir qualquer domínio. "Há interesse por parte Partedas instituições e pesquisadores.
Também estamos a trabalhar para que existam mais conferências, mais workshops, para alertar a comunidade académica sobre a necessidade de colocar a produção científica no repositório, já que vai ser um meio credível para que se fale da ciência com base no que consta no repositório nacional com acesso aberto.
Além dessa perspectiva, estamos a trabalhar com a UNESCO, no sentido de se criar uma cátedra de ciência aberta a nível do País, que também vai impulsionar bastante essa questão". Por outro lado, António Pedro, pesquisador e professor universitário lamentou o facto de o repositório não estar a funcionar depois de um ano do seu lançamento, numa altura em que todas as expectativas estavam em alta.
"Não se percebe como é que o ministério faz o lançamento e pronto! Sem se preocupar com a sua funcionalidade. Só foi feito para o "inglês ver" e não com o verdadeiro interesse de termos um repositório, porque a falta de domínio não devia se constituir um problema, pois há inúmeros engenheiros informáticos que podem resolver essa questão", lamenta.
Recorde-se que o repositório foi financiado pela Expatries Frange. Na prática, o objectivo do repositório é garantir o acesso gratuito ao conteúdo, integral ou parcial, da produção intelectual desenvolvida pelas Instituições de ensino superior, docentes, investigadores e estudantes em Angola e na diáspora.
Numa altura em que o plágio tem sido uma das grandes preocupações da comunidade académica, "este repositório vai prevenir o plágio em trabalhos académicos e científicos, vai integrar investigadores angolanos e suas respectivas pesquisas numa base de dados de acesso aberto, reduzir a ambiguidade na citação de pesquisadores/autores angolanos e, sobretudo, vai preservar a memória intelectual do País".
Quanto ao tipo de documentos que poderão ser arquivados contam-se os artigos científicos, relatórios técnicos, revistas científicas digitais e impressas, livros científicos e académicos, teses e dissertações de mestrado, códigos de software, fichas de dados bibliográficos, imagens, arquivos de áudio, arquivos de vídeos, material didáctico, entre outros conteúdos.
De acordo com as directrizes de funcionamento do RANHA, o processo de arquivamento ocorre na medida em que o próprio autor do artigo, dissertação, tese, entre outros, faz a submissão no RANHA e este arquivamento só será possível quando o trabalho estiver concluído e defendido (no caso de trabalhos de conclusão), ou publicado (no caso de artigos e livros).
Edição 832 do Expansão, de Sexta-feira, dia 27 de Junho de 2025